Prestes a completar três meses em que as chamas tomaram conta de tanques da Ultracargo, na Alemoa, a Justiça santista vive uma enxurrada de ações relacionadas ao evento. Até esta quinta-feira (18), a Comarca da Cidade já tinha recebido 61 processos. Ao todo, 52 deles foram propostos por motoristas autônomos, caminhoneiros e donos de caminhão, que alegam ter sido prejudicados por conta do impedimento da chegada de veículos pesados à Margem Direita do Porto de Santos.
A restrição começou a vigorar à zero hora de 6 de abril. A decisão de impedir o tráfego de veículos pesados na Cidade foi tomada pelo gabinete de crise criado na ocasião. Era formado por autoridades de diversos setores da Prefeitura, do Governo do Estado e da União.
O tráfego de caminhões foi limitado na região durante 10 dias, afetando também outras categorias. Engrossa essa fileira a ação movida pelo Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral e dos Arrumadores de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e São Sebastião.
Outra frente é encabeçada por pescadores autônomos e pelas colônias de pesca da Baixada, estas representadas pela Associação Litorânea da Pesca Extrativista de São Paulo em uma ação coletiva que pede R$ 10 milhões em indenizações.
No incêndio, que durou de 2 a 10 de abril, 10 toneladas de peixes surgiram mortos, boiando no Estuário de Santos e em braços de mar da região. Os pescadores argumentam que não trabalham desde então.
A Ultracargo e o Terminal Químico Aratú S/A (Tequimar) são réus das ações propostas. As vítimas pedem o pagamento de lucros cessantes – uma espécie de indenização compensatória por aquilo que deixou de ser lucrado.
Além da reparação, as pessoas prejudicadas pelo incêndio também pleiteiam uma indenização por danos morais, por conta de transtornos e constrangimentos vividos nos momentos de caos dos primeiros dias do incêndio.
“Meus clientes tiveram de dormir no meio da estrada. Ficaram impossibilitados de entregar as cargas, de receber das empresas. Passaram por situações muito constrangedoras”, argumenta Adriana Rodrigues Faria, advogada de um grupo de caminhoneiros da região.
Por nota, a Ultracargo informa que acompanha eventuais demandas judiciais à medida em que é notificada e que prestará os devidos esclarecimentos nos fóruns adequados.
FONTE: A Tribuna