A MA8 Management Consulting, grupo de consultores especializados na indústria automobilística para carros, equipamentos agrícolas, mineração e máquinas de construção, divulgou estudo inédito com projeções que correlacionam os elementos de influência do agronegócio ao segmento de caminhões pesados. A consultoria analisou os efeitos positivos previstos para o agronegócio, decorrentes dos planos de financiamento para o setor, demanda global, tecnologia local, produtividade e expectativa para os próximos cinco anos sobre melhorias logísticas na malha rodoviária e portos.
Utilizando-se de um método exclusivo de análise e com banco de dados e séries históricas da indústria, mercado, economia, exportações e linhas de financiamento, a MA8 isolou os principais elementos do agronegócio que afetam diretamente o setor de caminhões pesados e traçou as tendências dessazonalizadas de crescimento para os dois setores.
De acordo com Orlando Merluzzi, executivo chefe e CEO da MA8, ao longo dos últimos 14 anos, as variações percentuais das safras agrícolas refletiram diretamente nas vendas do segmento de caminhões pesados e isso não foi coincidência. Nos próximos anos o cenário deve se repetir, mas desta vez com uma tendência regular de crescimento no setor. “O mundo demanda commodities agrícolas e a tecnologia permite que o Brasil produza mais por hectare a cada nova safra, que pode bater os 230 milhões de toneladas no final desta década. Para ajudar o produtor rural, o câmbio deve permanecer favorável ao agronegócio apesar dos aumentos de juros e custos nos insumos. A logística para escoamento da safra continuará por muitos anos dependente do transporte rodoviário e dos caminhões pesados”, diz Merluzzi.
O novo estudo confirma as previsões anteriormente divulgadas pela consultoria para o segmento de caminhões pesados, que devem encerrar esta década com menor participação na indústria do que no início do decênio, mas em compensação pode apresentar os maiores índices de crescimento no setor, nos próximos cinco anos.
De acordo com Merluzzi, o segmento de caminhões pesados deve encerrar o ano de 2015 com pouco mais de 19 mil unidades vendidas. “No segmento de pesados voltamos aos níveis de vendas de 2006, quando o mundo começava a crescer puxado pela China. Foi a partir daquele momento que o setor automotivo brasileiro deslanchou e a China deve voltar a crescer em 2017”, reforça o consultor. O segmento de pesados deve encerrar este ano representando apenas 22% da indústria total de caminhões. Quando expurgamos efeitos temporários que afetaram as vendas, como o caso do Proconve 7, ou restrições esporádicas do FINAME, e analisamos a correlação com o setor agrícola nos últimos 15 anos, temos uma clara indicação de que o segmento de pesados deve retomar a tendência de crescimento a partir de 2016 e encerrar a década com participação de aproximadamente 30% na indústria.
“Quanto ao setor de máquinas agrícolas, veremos no início dos próximos anos os efeitos positivos dos programas recém-lançados de apoio ao agronegócio, que seguramente continuarão, independente de questões políticas. Acreditamos que as vendas de máquinas agrícolas repetirão em 2020 os volumes recordes de 2013. Afinal, a agroindústria representa mais de 20% do PIB e responde por 42% das exportações”, explica Merluzzi.
A MA8 está otimista com os próximos anos no mercado de caminhões, que de acordo com seus estudos, deve retomar crescimento puxado pelos efeitos do agronegócio e atingir um volume anual de 125 mil unidades ao final da década, enquanto as vendas de máquinas agrícolas devem atingir ao final do mesmo período um volume de 75 mil unidades, ou seja, o volume recorde comemorado em 2013. “Em 2015, as vendas de máquinas e equipamentos agrícolas permanecerão abaixo de 50 mil unidades, com uma queda de 24% em relação ao ano de 2014, regredindo aos níveis de 2008. Mas este será o primeiro setor a se recuperar”, diz Merluzzi.
Segundo Cristiane Davi, diretora de inteligência de mercado da MA8, o setor de máquinas agrícolas sofre menor impacto da retração econômica, se comparado a caminhões, devido à força da agroindústria e sua importância nas exportações e na balança comercial. Segundo a consultora, com exceção do setor sucroalcooleiro, o produtor agrícola em geral estará mais capitalizado e deve voltar a investir nos próximos dois anos. “O Plano Safra recém-anunciado é uma constatação do apoio ao agronegócio, afinal, os recursos destinados superaram as expectativas do próprio setor. Há apenas 10 anos o montante destinado ao incentivo agrícola era cinco vezes menor do que os atuais 188 bilhões de reais anunciados. Somos otimistas com a produtividade do setor e projetamos um bom crescimento para os próximos anos, que certamente demandará expansão de transporte e logística para escoamento das próximas safras”, comenta Cristiane, que ainda complementa: “Enquanto a indústria total de caminhões deve crescer pouco mais de 40% nos próximos cinco anos, o segmento de caminhões pesados pode ter índice de até 90% de crescimento no mesmo período e as vendas de máquinas agrícolas deve expandir 50% em volume até 2020”, prevê.
Após o anúncio do Plano Safra 2015/2016 e do Programa de Investimentos em Logística (PIL), a MA8 projetou novos volumes para os próximos cinco anos, incentivados pelo fortalecimento do agronegócio e identificou que o segmento de caminhões pesados crescerá em ritmo mais acelerado do que a própria indústria total de caminhões, também devido ao fato de que este foi o segmento que mais sofreu nos últimos dois anos, com queda acumulada de 65%. Para Merluzzi, “a recuperação do segmento de caminhões pesados será mais acentuada nos próximos anos devido a uma base muito reduzida em 2015, mas isso não significa que o segmento repetirá tão cedo o índice de participação recorde de 36% na indústria de caminhões alcançado em 2013, que foi também o ano recorde em vendas de máquinas agrícolas. Mesmo assim, os próximos anos devem ser de alívio para as tradicionais montadoras que atuam prioritariamente no segmento de caminhões pesados e principalmente para suas redes de concessionárias, porém o mercado continuará muito difícil para as marcas recém-chegadas”, conclui.
Para as máquinas agrícolas, o Moderfrota é um programa consagrado de fomento às vendas e o recente aumento de juros para 7,5% deve afetar pouco o preço final, e mesmo diluído nas prestações, continua sendo o recurso mais barato”, comenta Orlando Merluzzi.
Para este estudo a MA8 considerou o mercado de caminhões acima de 3,5 toneladas de peso bruto, enquanto que para o setor de máquinas e equipamentos agrícolas foram considerados todos os tipos de tratores agrícolas, colheitadeiras e cultivadores motorizados.
FONTE: SEGS