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Empresas de transporte oferecem conforto para combater falta de motoristas de caminhão

Como os filhos já não moram com eles, Dan e Cristy Dornbusch, um casal com o ninho vazio, passeiam pelas estradas dos EUA com uma coleção de comodidades domésticas – TV, um forno elétrico com convecção e micro-ondas, água encanada – no veículo.
Eles não apenas estão saboreando o cenário: o casal Dornbusch opera um caminhão Freightline M2 que carrega um monte de peças fundidas de metal como uma equipe de caminhoneiros da Try Hours Inc., uma empresa de capital fechado.
A Try Hours faz parte de um número cada vez maior de empresas de transporte por caminhão que estão personalizando as cabines para combater a escassez de motoristas que, segundo projeções da consultoria FTR Associates Inc., será de quase 400.000 por volta do final de 2017. Essas empresas estão investindo em sistemas de entretenimento, ventiladores de teto e geladeiras/freezers para diminuir a tensão sobre os funcionários que passam três ou quatro semanas na estrada em cada viagem.
“Você tem praticamente tudo que precisa, então pode viajar por mais tempo antes de voltar para casa”, disse Dornbusch, 52, de Wilmington, Ohio. “A gente chama isso de acampamento profissional”.
Eles trabalham para uma companhia que está renovando seus vinte caminhões com mais confortos como forma de recrutar e reter os motoristas. “Trata-se de oferecer uma experiência melhor para conservar os caminhoneiros”, disse Kenneth Lemley, que administra a frota da Try Hours, com sede em Maumee, Ohio.
Recentemente, a Western Express, uma empresa de capital fechado, decidiu equipar 1.600 dos seus 2.400 caminhões com televisão por satélite, da provedora de tecnologia EpicVue, e pretende chegar a instalar esse equipamento em todos os seus veículos.

Desafio
Encontrar motoristas é um desafio primordial para as empresas de transporte por caminhão dos EUA. O setor terá que realizar quase um milhão de novas contratações nos próximos dez anos para acompanhar a crescente demanda de cargas e o envelhecimento da força de trabalho, estimou em 2014 a American Trucking Associations (ATA). A média de idade dos caminhoneiros em muitas frotas é de mais de 50 anos.
“As comodidades para dormir são o modo com que os donos das frotas lutam para conseguir motoristas”, disse Linda Caffee, 54, que registra cerca de 230.000 quilômetros por ano com seu marido. “Basicamente, nossa casa é essa”.
Eles dirigem para a Landstar System Inc., cujo modelo de negócios se apoia em veículos dirigidos por seus donos. A cabine do Freightline personalizado deles ostenta uma pia, um forno micro-ondas, uma geladeira/freezer, um ventilador de teto e uma cama dobrável que se transforma em uma mesa de jantar. Antes, ela tinha que cozinhar as refeições com uma panela elétrica no chão, usando uma corda elástica para segurar a tampa.
Escassez de caminhoneiros
Várias empresas, como a U.S. Xpress Enterprises Inc., a Con-way Inc. e a Celadon Group Inc., aumentaram os salários no ano passado na tentativa de atrair novos caminhoneiros. Mas nem sempre os donos dos caminhões podem se dar ao luxo de pagar mais custos de mão de obra, segundo a ATA. Um motorista de caminhão trator pesado com semirreboque ganhou em média US$ 41.930 em 2014, segundo a Secretaria de Estatísticas de Trabalho dos EUA.
Uma cabine personalizada normalmente custa cerca de US$ 45.000 – um preço que pode dobrar se forem incluídos um chuveiro e um vaso sanitário, disse Brian Callan, presidente da fabricante especializada em cabines-leito Bolt Custom Trucks Manufacturing.
“Se as companhias quiserem mais caminhoneiros, elas precisam pagar mais”, disse Pete Swan, professor de Logística e Gestão de Operações da Penn State Harrisburg, um braço da Universidade Estadual de Pensilvânia. “Mas as empresas estão relutantes em fazer isso”.
A Try Hours tem cabines-leito personalizadas na maioria de seus caminhões – extras que podem elevar o custo de um caminhão novo em cerca de US$ 50.000 a US$ 185.000, disse Lemley, o administrador da frota. Agora ele acrescentará sistemas de entretenimento, porque é mais custoso para a Try Hours ter um caminhão parado durante um mês pela falta de motoristas.
“É um investimento muito bom para que os motoristas fiquem contentes”, disse Lemley.
FONTE: InfoMoney 
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