Desde julho, uma norma obriga o caminhoneiro a ter uma habilitação especial para o transporte de cargas indivisíveis, mas a maioria não tem e a procura pelo curso ainda é baixa. Este tipo de cargas são, por exemplo, turbinas enormes, transformadores, máquinas, equipamentos, pilares de concreto.
O caminhoneiro Edson Figueira ficou três dias parado no posto da Polícia Rodoviária Federal em São José do Rio Preto (SP). Ele transporta placas de concreto, é a chamada carga indivisível. Para isso, precisaria ter uma habilitação especial e o certificado de um curso, mas ele nem sabe do que se trata. "Não sabia, nem eu nem muitos. Pode perguntar para qualquer motorista e ninguém sabe o que é isso", afirma.
O Contran deu um ano para os caminhoneiros fazerem o curso e se adequarem e desde julho a polícia está multando. "O veículo será retido e o motorista autuado por falta de documentação necessária. O veículo só é liberado por alguém com o referido curso", afirma o inspetor da Polícia Rodoviária Federal Flávio Catarucci.
O curso dura cinco dias e os caminhoneiros ficam em sala de aula da 8h até às 18h. Para quem trabalha por conta, esse tempo de formação fora da estrada interfere no ganho mensal. Esse seria um dos motivos para a baixa procura. "A gente trabalha como autônomo e então o caminhão fica parado", diz o caminhoneiro Eder Eleandro.
Muitos caminhoneiros parados pela polícia acabaram recorrendo ao Sest/Senat. Os próprios instrutores tiveram que socorrer os infratores, isso porque só quem tem o certificado do curso pode resgatar o caminhão apreendido. "Os caminhoneiros eram parados pela fiscalização e vinham fazer o curso. Só que isso não é do dia para a notie, por isso tivemos de socorrer os caminhões apreendidos", afirma o instrutor André Lourenço.
Depois de se formar no curso, o caminhoneiro tira uma segunda via da carteira de habilitação que vai constar a autorização para o transporte da carga indivisível. Uma fábrica de vigas e placas de concreto faz entregas em Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Goiás. O transporte é terceirizado, e a primeira exigência é que a o caminhoneiro tenha o curso. Segundo ele, não dá para falhar nas entregas. "São peças teoricamente importantes, grandes no sistema de montagem e não podem ficar no meio do caminho", afirma o diretor administrativo Marcelo Barros de Paula. São cinco dias de curso, e as inscrições podem ser feitas no Sest/Senat. Quem se interessar deve ligar lá para saber qual documentação levar. O telefone é (17) 3354-5100.
FONTE: G1