As concessionárias de caminhões foram surpreendidas com as mudanças nos prazos do Programa de Sustentação dos Investimentos (PSI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o que segundo representantes do segmento de veículos, vai atrapalhar o desempenho da atividade, que está convivendo com queda nas vendas. Conforme a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a retração foi de 46,97% no nono mês de 2015 frente setembro de 2014. Existem ainda rumores que o PSI não vai continuar em 2016, diante da falta de recursos do governo federal.
O diretor comercial da Treviso Betim – que comercializa ônibus e caminhões –, Clóvis Lopes, afirma que os financiamentos são essenciais para o setor. Na concessionária, praticamente 100% das vendas de caminhões são feitas nessa modalidade. “De 90% a 95% desse total, é pelo PSI”, diz Lopes. Para ele, a mudança repentina nos prazos, na prática, vai tornar o financiamento mais caro, já que as condições melhores acabam.
O BNDES informou que o prazo para protocolar o PSI na modalidade simplificada – que é mais flexível e rápida, já que o agente financeiro já decidia o financiamento e o BNDES dava o aval – terminou no último dia 26. Antes, o prazo era até o fim do ano. Na modalidade convencional, o prazo termina nesta sexta para homologação no BNDES, e antes ia até 27 de novembro. Essas mudanças foram mencionadas na Resolução do Banco Central nº 4.440, combinada com o Aviso BNDES – AOI (Área de Operações Indiretas) nº 34/2015.
A alteração vale para os financiamentos de caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e rodoviárias. E é fruto dos cortes orçamentários do governo federal. O PSI teve redução de R$ 30,5 bilhões no Orçamento deste ano. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou a redução do limite de crédito para o programa de R$ 50 bilhões para R$ 19,5 bilhões para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
A venda de caminhões vai ficar mais difícil sem o financiamento através do PSI, segundo o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa. “Vai ter restrição num setor que já não está vendendo. O financiamento é essencial e responde por mais de 80% das vendas”, diz. Para ele, com a medida, a retomada da atividade vai demorar mais.
Além de não contar com os atrativos do PSI, como juros menores, que variam de 6,5% a 10% ao ano (dependendo do perfil e tamanho da empresa), as concessionárias de caminhões e ônibus podem perder vendas para outros Estados, por causa do aumento da alíquota de 12% para 18% do ICMS de Minas, que passará a valer em janeiro do ano que vem.
Dilma recebe carta pedindo prorrogação
As mudanças nos financiamentos de caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e rodoviárias fizeram com que o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção, sugerisse à presidente Dilma Rousseff a prorrogação do prazo, numa carta enviada no último dia 26. Ele pediu que a presidente avalie a possibilidade de que, em ambas as modalidades de financiamento, sejam aceitas operações protocoladas, junto ao BNDES, até o próximo dia 27 de novembro, com prazo de desembolso até o dia 31 de dezembro de 2015.
Entre os argumentos para o pedido, está a “situação crítica” do setor, que chega ao patamar de 53% de ociosidade, conforme o dirigente. “Tais medidas, se mantidas, estancarão, por absoluto, a comercialização”, diz.
Máquinas
Incentivo. O PSI foi criado em 2009 para estimular a economia com financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos, investimentos em inovação e exportações.
FONTE: O Tempo
FONTE: O Tempo