O setor de transporte de cargas de Minas Gerais está encolhendo frente à crise que atinge o País, prejudicando, principalmente, a atividade industrial. Além de conviver com a fraca demanda, as transportadoras do Estado não estão conseguindo repassar o aumento dos custos para o preço do frete, fazendo com que algumas empresas paralisem operações e diminuam a frota.
"Estamos lidando com essa situação com muita dificuldade. O setor está trabalhando com margens apertadas, a concorrência está muito acirrada e não tenho dúvidas de que muita gente vai quebrar", afirma o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa.
Segundo ele, o processo de "quebra" de uma empresa no Brasil é lento e consiste, em primeiro lugar, na inadimplência. Depois, passa pela negociação com fornecedores. Por fim, a falência é decretada. "Tenho visto muitas empresas insolventes e outras encolhendo", lamenta o presidente da entidade.
Costa admite que o momento atual não é favorável ao repasse do aumento dos custos para o preço dos fretes. Em função disso, ele explica que muitas transportadoras estão preferindo parar seus caminhões e não pegar o serviço, para não fazer o transporte a preços que não pagam sequer as despesas. Com o último aumento do óleo diesel, de 4%, anunciado pela Petrobras no fim de setembro, o cenário tende a piorar nos próximos Meses.
O presidente do Fetcemg explica que o combustível representa aproximadamente 40% dos custos para o transporte de cargas completas e um pouco menos, segundo ele, no caso de cargas fracionadas. "O diesel tem um peso grande para os custos do setor", ressalta.
Só para se ter uma ideia, nas contas do dirigente da entidade, o volume de cargas transportadas neste ano até o momento está entre 15% e 20% abaixo do registrado no mesmo intervalo de 2014, que já não tinha sido um exercício proveitoso, como ele mesmo afirma. O único setor que está ajudando as trasportadoras do Estado é o agronegócio.
Tudo isso tem provocado não só a redução da capacidade de investimento na renovação ou ampliação da frota, mas gerado também o desinvestimento, como acrescenta o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa. "Com a recessão econômica, as empresas estão desinvestindo, parando caminhões ou vendendo parte da frota, porque não está valendo à pena fazer o serviço", diz. Conforme ele, "as empresas ou os carreteiros autônomos preferem ficar parados do que trabalhar a preços baixos".
De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), as empresas de transporte acumularam, em 12 meses, redução de 6,15% na receita líquida. O resultado, segundo a CNT, é efeito da crise econômica sobre a área. O baixo desempenho da economia brasileira, a alta da inflação, a elevação da carga tributária e da taxa de juros afetaram negativamente o desempenho do setor.
FONTE: Diário do Comércio