Facchini

Governos acionam inteligência da segurança pública para monitorar greve dos caminhoneiros

Setores de inteligência da Brigada Militar, Polícia Civil e Polícia Federal já atuam em busca de informações sobre a greve dos caminhoneiros, convocada por movimentos autônomos para ocorrer a partir da próxima segunda-feira, por tempo indeterminado.
Existe preocupação com o eventual impacto do movimento grevista na economia e no fluxo de veículos nas estradas, além do risco de desabastecimento. Insegurança e conflitos também estão no radar das autoridades.
Agentes já foram deslocados para os locais onde acredita-se que a paralisação poderá ser mais massiva. A prioridade é acompanhar a região de Rio Grande e as principais vias de escoamento da produção e de mercadorias, como BR-386, BR-116, BR-392 e BR-101.
Na segunda-feira pela manhã, núcleos da Brigada Militar, Polícia Civil e Polícia Federal atuarão em conjunto na Sala de Gestão da Secretaria de Segurança Pública, com acompanhamento dos fatos em tempo real.
— Nosso primeiro objetivo é manter o fluxo com segurança — afirmou o tenente-coronel Francisco de Paula Vargas Júnior, comandante do Batalhão Rodoviário da Brigada Militar, responsável pelas estradas estaduais.
Organizados fora dos sindicatos, caminhoneiros articulam a greve em todo o país. O objetivo é forçar a renúncia da presidente Dilma Rousseff, inclusive com planos de caravanas seguirem para Brasília. A categoria reclama que nenhum item da pauta apresentada em fevereiro deste ano, quando houve outra paralisação, foi cumprido pelo Palácio do Planalto. Em mensagens trocadas pelo WhatsApp, integrantes do Comando Nacional do Transporte afirmam que não será permitida a passagem de caminhões nas estradas em que forem montados piquetes. Somente veículos de pequeno porte e coletivos poderão seguir.
— Vamos procurar negociar nesses pontos de bloqueio para que a rodovia possa fluir. Se extrapolar, aí vamos buscar ordem judicial para desobstrução — explica o tenente-coronel Vargas Júnior.
Ele diz que, até esta sexta-feira, as informações obtidas pelos setores de inteligência indicavam uma adesão comedida à greve.
— Ainda não é algo de grande volume, mas sabemos que pode prosperar no final de semana. Existe uma tendência de que os movimentos evoluam depois do seu início, podendo crescer ao longo da semana — avalia o comandante da BM.
Embora os caminhoneiros autônomos garantam contar com o apoio de algumas transportadoras, o setor empresarial vê a iniciativa com preocupação.
— Vem num momento delicado da economia. A parada dos transportes repercute muito forte em poucos dias, com risco de desabastecimento. Há produtos sem estoque, que são entregues diariamente, como carne, peixe, e mercadorias de exportação, caso do frango e dos suínos — diz Afrânio Kieling, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do RS (Setcergs).
Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo afirma que, em caso de a greve prosperar, uma das alternativas será buscar fornecedores dentro das próprias cidades de atuação, evitando as estradas.
— Cada supermercado trabalha com uma média de 2,5 mil fornecedores. Existem opções. Até três dias, o setor aguenta sem entregas. Depois, começa a ficar preocupante — projeta Longo.
Procurado, o Ministério dos Transportes não se manifestou.
No núcleo do governo federal, há preocupação com os rumos do movimento, a ausência de reconhecidas lideranças grevistas em cada região e a forte circulação de informações falsas no WhatsApp. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) participou de reunião na Casa Civil na quinta-feira, ocasião em que o tema foi debatido.
— O ministro Rossetto (Miguel Rossetto, do Trabalho e Previdência) está participando. Um time de ministros trabalha nisso, dialogando com lideranças. A ideia é tentar retomar o diálogo para evitar a greve, que não é boa para ninguém neste momento, nem para o país, nem para o governo — comentou Pimenta.
FONTE: Zero Hora 
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