Um caminhão capaz de circular sem motorista, inclusive no campo, e a velocidades de até 60 km/h em condições climáticas adversas já é uma realidade graças ao trabalho de uma universidade russa e da fabricante Kamaz.
"Muitos outros fabricantes, como Volvo e Daimler, também trabalham em automóveis-robô. Mas, ao contrário deles, nós conseguimos fazer com que nosso Kamaz circule sem motorista com mau tempo, com nevoeiro, chuva ou neve", explicou à Agência Efe Alevtina Chernikova, reitora da Universidade Tecnológica MISIS de Moscou.
Essa universidade, a primeira a ser distinta pelo governo russo como um centro de pesquisa nacional, desenvolveu "os olhos do caminhão", um complexo programa ótico que analisa o ambiente pelo qual circula o veículo e transmite a informação ao sistema de inteligência artificial que o conduz.
O caminhão já passou por dois testes neste ano e provou que é capaz de seguir outro caminhão conduzido por uma pessoa, acompanhando seus movimentos mesmo que em ziguezague, parar diante de obstáculos e realizar manobras simples como virar ou mudar de sentido.
"Nossos caminhões já podem circular em piloto automático a velocidades de 60 km/h, suficientes para a cidade. Em alguns anos já poderão alcançar os 90 km/h", declarou um porta-voz da Kamaz, fabricante com fama mundial após ganhar 12 das 16 últimas corridas do Rali Dacar.
Embora a conclusão do projeto esteja prevista para 2020, várias empresas dos setores agrícola, energético e de mineração já demonstraram grande interesse em ter um caminhão com essas características.
"As empresas precisam de veículos capazes de circular em condições perigosas onde não há estradas" e em áreas onde o clima é muito adverso, como é o caso do círculo polar ártico russo, onde há enormes jazidas para mineração e exploração de petróleo e gás natural.
O sistema de reconhecimento do ambiente agora adaptado ao Kamaz já havia sido desenvolvido pela MISIS antes de ser incorporado ao projeto. Na atualidade, o sistema já é utilizado como "um ajudante na estrada, que avisa o motorista sobre os perigos e obstáculos em situações críticas", comentou Chernikova.
Motivada pelo sucesso inicial do caminhão e de muitos outros projetos, a universidade inaugurou um centro de pesquisa de robótica aplicada que se propõe a reunir os melhores cientistas e técnicos do país no setor.
No futuro, o centro terá diferentes laboratórios de pesquisa, entre eles um de inteligência artificial e outro de interface para sistemas autônomos intelectuais.
A prestigiada universidade - reconhecida como uma das cinco melhores da Rússia em ciências aplicadas - tem a ambição de estruturar uma rede integral para dar vida a seus desenvolvimentos tecnológicos, desde a sala de aula e o laboratório onde nascem as ideias, até sua materialização em algo útil e rentável.
"Queremos integrar a educação, a ciência e os negócios na introdução de nossas tecnologias. E aqui é fundamental o nosso papel de centro educativo, além de científico, porque é necessário formar quadros capazes de dar utilidade" a todos os avanços que estarão presentes em nossas vidas no futuro, ressaltou Chernikova.
De acordo com a reitora, é um orgulho para a universidade que não apenas os cientistas participem do projeto do caminhão não pilotado, mas também os estudantes".
FONTE: UOL
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