Cada vez maior no País, o roubo de cargas gerou um enorme prejuízo aos cofres das empresas do ramo de transportes em Minas Gerais em 2015. Ao todo, R$ 212 milhões foram perdidos pelo setor em ações de quadrilhas especializadas. O valor, levantado pela Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), representa um aumento de 30,8% em relação ao registrado em 2014 (R$ 162 milhões). A legislação, considerada branda por especialistas, é apontada como uma das principais causas para o crescimento de roubos no Estado e em todo o território nacional nos últimos anos.
Minas Gerais aparece em terceiro lugar na lista dos estados com maior incidência de roubos de cargas, com 15% dos casos, de acordo com dados da Fetcemg. No topo, estão São Paulo (1º) e Rio de Janeiro (2º), sendo a região Sudeste a que concentra o maior número de ações criminosas (80%). Os trechos considerados mais perigosos para as empresas e motoristas no Estado englobam a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a BR-381 - em Ipatinga rumo a São Paulo - e o Triângulo Mineiro. Nesses locais, é constatado o maior fluxo de caminhões e de cargas de maior interesse das quadrilhas.
Desde 2009, quando as empresas do ramo começaram a fazer um acompanhamento estatístico mais consistente, o número de roubo de cargas no País só cresceu. Segundo a pesquisa “Roubo de Cargas - Cenário Nacional e Demandas Legislativas” feita pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), divulgada no ano passado, as cargas mais visadas no País eram os produtos alimentícios, cigarros, eletroeletrônicos, produtos farmacêuticos, químicos e autopeças. O setor tem buscado ações para reduzir o índice alarmante, mas reconhece que é preciso mais esforço tanto da parte de empresários, principalmente dos pequenos, quanto do poder público.
O consultor técnico da Fetcemg e do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Luciano Medrado, explica que o investimento das grandes empresas em tecnologia de segurança de cargas e de veículos hoje representa 15% da receita, mas o mesmo não acontece entre as de médio e pequeno portes. “As empresas têm o dever de casa para fazer, assim como a segurança pública. Vale lembrar, no entanto, que a conjuntura econômica também favorece ao aumento (dos roubos)”, destaca.
Ação integrada
Nos últimos anos, várias medidas têm sido tomadas pelo setor na tentativa de frear o crescimento do roubo de cargas. Desde 2009, representantes dos estados da região Sudeste e outros convidados se reúnem, anualmente, para compartilhar experiências e integrar as ações. Minas Gerais também conta com o trabalho desenvolvido pela Delegacia Especializada de Investigação de Furto e Roubo de Carga, em um convênio entre a Fetcemg e a Polícia Civil, e pelo Grupo Técnico de Segurança Logística do Setcemg.
“O Setcemg tem o grupo técnico, que se reúne com as polícias Civil e Rodoviária - estadual e federal - periodicamente, para tratar deste assunto e melhorar as condições. O crime é organizado, e muito mais organizado que nós (empresas). Precisamos aprimorar uma legislação, que acabe com a impunidade no Estado, como já acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro”, afirma Medrado.
Os dados levantados pelo Fetcemg são baseados nas informações registradas em boletins de ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais.
FONTE: Diário do Comércio