Facchini

Investimentos em transportes são insuficientes

O Brasil investe muito pouco na sua infraestrutura de transportes e nas rodovias em particular. No longo prazo, os investimentos em transportes no Brasil vêm sofrendo gradativa deterioração. Segundo dados da CNT, em 1975, estes gastos representavam 1,84% do PIB. Com a crise econômica que se abateu sobre o país na década de 80, percentual regrediu para a metade.
Com o fim da vinculação de recursos imposto pela Constituição de 1988, os investimentos caíram para 0,15% em 1995. Os anos seguintes mostram ligeira recuperação (0,28% em 2001). No entanto, os recursos chegariam ao fundo do poço em 2003, quando foram gastos apenas 0,07% do PIB.
Com a entrada em vigor da CIDE e a execução parcial do Programa de Aceleração do Crescimento, os recursos atingiram cerca de 0,40% em 2010. A partir daí, voltaram a declinar, para 0,29% em 2013.

Em termos numéricos, os investimentos públicos autorizados em rodovias subiram de R$ 2,65 bilhões em 2003 para R$ 18,67 bilhões em 2012, mas baixaram para R$ 11,93 bilhões em 2014.  Nem todos os recursos autorizados foram gastos. O total pago subiu de R$ 0,87 bilhão em 2003 para R$ 11,21 bilhões em 2011, tendo caído para R$ 6,54 bilhões em 2014.
Houve também, nos últimos anos, razoável contribuição das concessionárias de rodovias. De R$ 3.071,6 milhões, os investimentos privados chegaram a R$ 6.910,6 e a  R$ 3.358,3 milhões até junho de 2014.
São valores extremamente modestos, quando comparados com outros países de grande extensão territorial, para um país que tem apenas 13% (218,6 mil km) pavimentados de um total de 1.735,5 mil km.
Na China, por exemplo, estavam previstos investimentos em transportes de US$ 409 bilhões em 2014, para aumentar a extensão das estradas em 93.800 quilômetros, incluindo 7.450 quilômetros de autoestradas. Além disso, 230 mil quilômetros de vias rurais seriam renovadas. Deste total, cerca de R$ 131 bilhões seriam investidos em ferrovias. Estava prevista também a construção de oito novos aeroportos.
O Plano CNT de Transporte e Logística de 2014 estima que são necessárias 618 intervenções mandatórias para dinamizar o transporte rodoviário. Isso envolve investimento de R$ 293,88 milhões, em adequação de rodovias (R$ 10,17 bilhões), duplicação (R$ 137,13 bilhões), recuperação de pavimento (R$ 48,25 bilhões), construção de rodovias (R$ 47,33 bilhões) e pavimentação (R$ 51 bilhões). Em toda a infraestrutura de transportes, os investimentos necessários somam R$ 987 bilhões.
Mesmo que estes investimentos fossem diluídos por dez anos, fica clara a enorme distância entre o que o país investe e aquilo que seria necessário investir para eliminar os gargalos do transporte brasileiro.

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