Desde março, quando passou a valer a Lei dos Caminhoneiros (13.103/15), que obriga motoristas habilitados para dirigir veículos como vans, ônibus e caminhões, a passar pelo exame toxicológico, 17,8 mil motoristas paranaenses fizeram o teste.
Apesar da resistência de órgãos de trânsito em exigir o exame para a renovação ou adição de categoria da CNH, questão, inclusive, que foi parar na Justiça e deu à maioria dos detrans a permissão de suspender o efeito da lei por medidas liminares, o Detran paranaense reconhece o impacto das drogas no trânsito. “As drogas que tiram o sono e permitem que o motorista profissional dirija por mais tempo, são um problema grave de saúde pública. Elas geram riscos não só ao usuário, mas para todos que cruzam com ele no trajeto”, destaca o diretor-geral da autarquia, Marcos Traad.
Pelo país, veículos pesados estão envolvidos em cerca de 40% dos acidentes com mortes.
Nos Estados Unidos, onde as transportadoras fazem o exame toxicológico desde 2006, o índice de acidentes com profissionais sob efeito de drogas foi praticamente zerado.
De acordo com o psicólogo especializado em Neurociência Naim Akel Filho, as drogas podem ter efeitos devastadores no trânsito. “Mesmo em pequenas quantidades, as drogas interferem no funcionamento geral do cérebro, desorganizando as funções mentais/cerebrais. Diante de qualquer situação extraordinária ou inesperada – e que no trânsito ocorrem com frequência -, o cérebro é mais exigido e os efeitos das drogas fazem com que ele demore para reagir ou elicie respostas inadequadas, como acelerar em vez de frear”, explica.
Campanha
Na campanha do Detran-PR em alusão ao Movimento Maio Amarelo, uma das peças, inspiradas em fatos reais, traz o depoimento de um caminhoneiro que conta as consequência de usar estimulantes ao volante. “Quando a gente apaga com 40 toneladas de carga, acontece o que aconteceu comigo: você perde o volante, espreme um carro contra a mureta de proteção e escuta só os gritos no meio daquela bola de fogo”, lamenta.
Nos quatro primeiros meses do ano, as drogas mais apreendidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em estradas paranaenses foram maconha (7,5 toneladas), cocaína (65,4 quilos), crack (42,5 quilos) e haxixe (9,8 quilos). Em 2015, foram recolhidos 60 mil comprimidos de anfetaminas no Estado.
FONTE: R7