Facchini

No rastro da soja

A soja é o principal produto produzido pelo agronegócio no Rio Grande do Sul e seu grão, farelo e óleo mantêm a liderança das exportações gaúchas desde 2007. Em 2015, mais uma vez, a oleaginosa ajudou a consolidar a expansão da agropecuária. Se não fosse o resultado do setor, que registrou alta de 13,6% em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul – cuja retração foi de 3,4% – poderia ter sido ainda mais negativo. 
Em um Estado baseado no agronegócio, como o Rio Grande do Sul, os anos de quebra da safra coincidem com os períodos de queda no PIB. No ano passado, no entanto, nem os números do setor primário foram suficientes para segurar a queda da economia gaúcha.A oleaginosa garante empregos no campo e na cidade. É um combustível fundamental da engrenagem que movimenta a economia dos municípios. 
Tupanciretã, no Noroeste, é o maior produtor estadual de soja. Quase 60% da arrecadação da prefeitura vem diretamente do grão. Em 2015, a colheita recorde garantiu mais recursos aos cofres públicos.
– Recebemos um incremento em torno de R$ 4 milhões de reais de 2015 para 2016 na previsão orçamentária. Então, comprovamos a importância da soja – afirma o prefeito Carlos Augusto Brum de Souza. 
Os últimos ciclos recordes de produção garantem mais volume de produto e também mais empregos. Na propriedade de Ilton Balzan, em Tupanciretã, são 8 mil hectares e 55 funcionários. Quando a safra promete, como esta que está sendo colhida, há trabalho garantido para engenheiros agrônomos e operadores de máquinas, como tratores e colheitadeiras. Da porteira para fora, a soja estimula a geração de novas vagas e mais renda.
– Muitas pessoas falavam que a agricultura não dava nada para a cidade, mas no Interior, que não têm indústria, 80% dos municípios vivem em razão da agricultura – afirma Balzan.
O êxito na colheita de soja reflete diretamente nas cidades, que são dependentes de investimentos vindos do campo.
– Anos de safras frustradas, como já aconteceu em função de efeitos climáticos, repercutem negativamente também para nós – lembra Daniel Teixeira, gerente de uma loja de móveis em Tupanciretã. 
Depois da colheita, o grão segue em direção à indústria, onde será transformado em produtos como o biodiesel, o farelo ou o óleo de soja: 
– Esses subprodutos vão girar na economia do Estado e do Brasil. Grande parte do grão vai para exportação, o que vai movimentar as esmagadoras e, na sequência, a indústria de alimentos que são feitos à base de soja – destaca o economista e professor da Unijuí Argemiro Luís Brum. 
Asfalto, água ou trilhos?
A maior parte do caminho da soja é percorrido pelo asfalto, que tem um custo mais alto na comparação com hidrovias e ferrovias. Enquanto o frete rodoviário de Porto Alegre a Rio Grande, por exemplo, custa em média R$ 55 a tonelada, em uma embarcação o valor fica em torno de R$ 35 a tonelada, ou seja, 63% a menos. Atualmente, a malha ferroviária carrega 18% de toda a soja que segue para exportação pelo porto de Rio Grande. 
A BR-158, a BR-392 e a ERS-342 são as principais rotas de escoamento da oleaginosa. Os caminhões percorrem longas distâncias até o porto. Cerca de 80% dos grãos colhidos no Rio Grande do Sul chegam ao porto em caminhões. Mas em algumas rodovias falta acostamento, sinalização e sobram buracos para os caminhoneiros. Os prejuízos são mecânicos, mas há também as perdas com a produção que é carregada – e muitas vezes desperdiçada – neste trajeto. 
De Rio Grande, a soja é embarcada com destino certo. Do outro lado do oceano, compradores da China, do Vietnã e da Espanha aguardam o produto. A cada safra, cerca de 150 navios deixam o porto carregados com o grão. 

Você sabia que...
— O óleo de soja é o subproduto mais comum da soja. Mas há outros produtos elaborados utilizando a oleaginosa, como a margarina. 
— A proteína da soja, extraída da farinha de soja, e o tofu, que se assemelha a um queijo, tornaram-se as principais alternativas à proteína animal em uma dieta vegetariana. Para quem não dispensa sushis e sashimis ou outras especialidades da culinária oriental, o shoyu ou molho de soja, é fundamental.
— A soja é considerada um importante suplementos proteico vegetal. Os grãos de soja, dentre as oleaginosas, são os mais utilizados na nutrição animal. São ricos em teores de proteína bruta e óleo. 
— As indústrias de medicamentos, de tintas, de plásticos e de cosméticos também utilizam soja nos xampus, sabonetes e até protetores solar.
FONTE: Zero Hora 
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