Cegonheiros que prestam serviço para a Volkswagen aprovaram em assembleia na manhã de ontem o reajuste de 4% no valor do frete pago pela companhia às transportadoras contratadas – e, consequentemente, repassado aos motoristas – para distribuir os veículos fabricados pela montadora às concessionárias de todo o País.
Quase 100% dos trabalhadores que estiveram na manhã de ontem no Buffet Pingus, em São Bernardo, foram favoráveis ao reajuste. O valor já havia sido aprovado em reunião no dia 13, mas não havia sido documentado. Com a deliberação pela aceitação da proposta, os cegonheiros devem receber os valores retroativos a maio e o trabalho, que estava parcialmente interrompido, será normalizado.
Para o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros, Jaime Ferreira dos Santos, o valor está abaixo do ideal, porém foi o possível tendo em vista o cenário brasileiro atual. “Esperávamos essa aprovação, apesar de precisarmos de um reajuste maior. A defasagem dos três últimos anos chega perto dos 25% e eu até prefiro dizer que, nos dois últimos anos, sequer tivemos reajuste. No entanto, neste momento de crise, entendemos que é o que dava para fazer.”
Santos afirmou, contudo, que espera que a Volkswagen não repasse ao cliente final o valor adicional do frete. Pelo contrário. Sugeriu que a montadora ofereça condições mais atrativas aos clientes. Isso porque, com aumento nas vendas, também haveria aquecimento da demanda por entregas, o que ajudaria a garantir os empregos no setor. “Com as vendas aumentando, nossa produtividade no transporte também sobe e uma coisa acaba não compensando, mas justificando a outra.”
O presidente do sindicato, José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, ressaltou a confiança dos trabalhadores na entidade de classe e disse que, apesar de o índice de 4% não representar um valor alto, já ajuda a viabilizar as viagens. “A votação de hoje (ontem) foi maciça, sinal que o cegonheiro ainda acredita no sindicato. Temos os pés no chão, entendemos a situação que o País se encontra hoje”, afirmou.
Sobre a paralisação de parte da categoria, Santos garantiu que a entidade não decretou greve e que, portanto, as interrupções foram voluntárias.
Os trabalhadores que participaram da assembleia se disseram satisfeitos com o resultado das negociações. “Os 4% estão bons por causa do momento. Era o que eu previa”, disse Luiz Gonzaga, 59 anos. “Estou satisfeito, pois compreendo a situação do País”, reforçou Antônio Bezerra, 69. “Foi o esperado, mas sabemos que o reajuste deveria ser maior, já que todos os gastos subiram”, afirmou Márcio Pereira, 42.
INCERTEZA
Além da questão do reajuste, a categoria foi tomada nas últimas semanas pela dúvida quanto ao futuro dos contratos das transportadoras com a multinacional. Informações davam conta de que havia o risco de substituição da prestação de serviços, hoje realizada por quatro companhias, Brazul, Tegma, Transauto e Transzero, por uma única empresa. As lideranças do sindicato, entretanto, reforçaram que se trata apenas de conversas de bastidor. “Nós não temos acesso (à informação). Isso é uma parte que diz respeito às transportadoras, então elas sabem o que fazer. Vão trabalhar em prol do contrato, que deve estar em vigência ainda, e, no ano que vem, nós veremos o que vai acontecer”, disse Boizinho.
FONTE: Diário do Grande ABC