Facchini

Assaltos a veículos aumentam o perigo na BR-381

Não bastasse a preocupação redobrada dos motoristas com as condições da pista e com veículos que podem se chocar contra eles nas curvas fechadas da BR-381, entre Belo Horizonte e João Monlevade, onde a via é conhecida como a “Rodovia da Morte”, agora uma onda de crimes tem tirado o sossego de quem viaja por lá. Na maioria das vezes, os bandidos se aproveitam da lentidão do tráfego ao passar pelos quebra-molas instalados nos trechos que estão em obras de duplicação para abordar suas vítimas e roubá-las. Tanto automóveis quanto caminhões têm sido alvos dos assaltantes e, por conta disso, muitas pessoas estão deixando de viajar durante a noite e na madrugada, horários prediletos dos ladrões.
A situação é tão grave que em 12 de julho uma audiência pública da Assembleia Legislativa foi feita em São Gonçalo do Rio Abaixo para exigir mais segurança a comerciantes, sitiantes, moradores e viajantes da região que usam a BR-381. Uma das cobranças é por mais efetivo para todas as polícias (Civil, Militar e Rodoviária Federal). Foi pedido também às vítimas dos crimes que comuniquem as ocorrências, uma vez que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirma que os crimes são subnotificados. Segundo a corporação, foram 158 ocorrências neste ano até setembro,  média de um crime a cada 1 dia e 16 horas.
Os trechos mais perigosos são justamente onde há canteiros de obras e trevos em Sabará, Caeté, Roças Novas, Itabira, Barão de Cocais e São Gonçalo do Rio Abaixo. Baseados num posto de gasolina perto das obras de duplicação em Itabira, os taxistas que trabalham na região deixaram de circular pela rodovia depois das 21h. “A gente procura rotas alternativas porque a bandidagem está muito ativa quando escurece”,  disse o taxista Valdeci Espíndola, de 51 anos.
“O principal golpe deles é bater na traseira do nosso carro, perto dos quebra-molas que tem na entrada de Itabira. A pessoa desce do carro para ver o prejuízo e acaba rendida. Com isso, tem gente que leva batida e nem desce mais para ver, com medo de ter um revólver apontado para a cara”, acrescenta Valdeci. “Tem de fugir daqueles quebra-molas, não deixar nenhum carro grudar em você e fazer a passagem por lá bem rápido. O problema é quando tem muito trânsito. Faltam mais policiais por perto nesses horários, porque a estrada fica entregue à bandidagem”, reclama o também taxista Geraldo Barbosa, de 52.
Os criminosos têm agido também no trevo de entrada para Barão de Cocais. O comerciante Guiomar Edson Pereira, de 41, conta que perto de seu restaurante, na beira da estrada, já ocorreram vários assaltos. “Há 30 dias um motorista foi assaltado passando pelos quebra-molas. Vieram uns bandidos numa moto e o renderam quase na entrada da cidade. Os caminhoneiros também sofrem, porque muitos bandidos os seguem para roubar no caminho. Arrombam o caminhão em movimento ou rendem o motorista”, conta.
De acordo com o comerciante, uma recente troca no comando da Polícia Militar na região trouxe melhoras. “A situação estava tão grave que deslocaram mais policiais para dar segurança. Mas, ainda assim, trafegar aqui de noite é muito perigoso. Outra reclamação que temos ouvido muito é dos donos de fazendas na beira da BR e que estão tendo o gado levado”, narra Guiomar.
ATAQUE A CAMINHÃO  
Funcionário de um restaurante na subida da serra de São Gonçalo do Rio Abaixo, Enildo Emílio de Freitas, de 48, já perdeu a conta dos assaltos a caminhões que viu na rodovia federal. O último deles quase provocou uma tragédia quando homens armados num Volkswagen Fox emparelharam com um caminhão tipo baú para roubar a carga do veículo, em março. “O motorista do caminhão pulou para fora da cabine com o veículo em movimento e correu para o mato para se salvar. Só que o caminhão foi parando e começou a voltar de ré morro abaixo”, lembra. “Sorte que nenhum carro estava vindo”, completa.
Em Caeté, onde um viaduto é erguido, os quebra-molas e estreitamentos de pista fazem com que o trânsito seja lento e longas filas se formem. Durante o dia, na descida, o trânsito chega a fluir abaixo de 10 km/h, o que facilita a ação dos bandidos. Os engarrafamentos em Sabará e em trechos de Belo Horizonte, após a Vila da Luz, também tornam motoristas alvos de ladrões oportunistas que, depois de cometer crimes, se escondem nas comunidades próximas ou fogem em motocicletas.
FONTE: Estado de Minas 
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