O transporte rodoviário de cargas é, entre os modais, o que deve ter a recuperação mais lenta após a retomada dos números positivos da atividade econômica brasileira. Isso porque também foi o mais afetado pela queda do PIB (Produto Interno Bruto). Em 2015, o setor caiu 4,6%. O PIB, por sua vez, teve uma retração de 3,1%. Para o ano que vem, com a elevação da economia estimada em 1,3%, o setor deve expandir 1,9%.
Os dados integram o estudo Custos Logísticos do Brasil, do Ilos (Instituto de Logística e Supply Chain). Conforme o sócio-diretor da entidade, Maurício Lima, “o modal rodoviário está alavancado em relação ao PIB. Isso quer dizer que, se o PIB cresce, o transporte rodoviário aumenta mais; quando a economia decresce, o transporte rodoviário cai mais”. Isso ocorre em razão da infraestrutura de transportes deficiente do país. Quando a economia vinha crescendo, o ferroviário e o aquaviário operavam no limite da capacidade, o que direcionou a carga para os caminhões e potencializou os resultados do segmento. Porém, quando a atividade econômica ficou negativa, quem mais perdeu serviços foi o transporte rodoviário. “Os outros modais continuaram à plena capacidade. Já o rodoviário, não”, constata Maurício Lima.
Esse cenário está associado, ainda, ao aumento dos custos operacionais, que não puderam ser repassados integralmente aos clientes dos transportadores. Por isso, muitos estão operando no vermelho. “O resultado é um desequilíbrio. Tem uma demanda relativamente baixa perante a oferta de transporte. Por isso, o aumento de custos, de cerca de 15% em 2015, não foi repassado aos clientes, os transportadores começaram a ter margem negativa e muitos ainda não conseguiram se recuperar“, diz Maurício Lima.
Além disso, há o efeito sobre a indústria. O momento difícil das transportadoras levou a drástico corte dos investimentos no setor, derrubano a demanda por caminhões, com grande impacto nas montadoras. De acordo com os dados do estudo Custos Logísticos do Brasil, enquanto em 2014 foram licenciados 137 mil caminhões novos, em 2015 o número baixou para 70 mil.
Nesse contexto, o sócio-diretor do Ilos avalia que o transporte rodoviário de cargas levará cerca de quatro anos para retornar ao patamar em que estava antes da crise econômica, em 2014. “Apesar de a economia crescer em 2017, 2018 e 2019, ela não recupera o segmento. Só vai recuperar por volta de 2020. Essa é a notícia ruim. Mas a boa é que já passamos pelo pior momento, pelo momento de inflexão, e os números começarão a melhorar”, sustenta.
Em 2013, enquanto a economia do Brasil cresceu 3%, a demanda pelo transporte expandiu 4,8%. Em 2014, o PIB subiu 0,1% e o transporte, 2,5%. As projeções indicam quem, no ano que vem, o setor terá resultado positivo de 1,9%, frente a uma alta de 1,3% no PIB. Para 2018, a expansão estimada para a economia é de 2,1%, e a do transporte, de 3%.
FONTE: CNT