Os caminhoneiros de Mato Grosso e do Brasil podem cruzar os braços de vez caso o Projeto de Lei 528/2015, que institui a criação de uma tabela de preço mínimo para o frete, não seja votada na próxima quarta-feira, 07 de dezembro. O projeto deveria ter sido votado ontem, 30 de novembro, porém após 1h40 de atraso para a reunião da Comissão de Viação e Transporte na Câmara Federal o deputado federal de Santa Catarina Edinho Bez pediu vistas do projeto.
O projeto visa o estabelecimento de uma tabela de preço mínimo para o frete, que hoje não cobre os custos de operação do setor de transporte de cargas.
Uma nova reunião da Comissão de Viação e Transporte está marcada para o dia 07 de dezembro. A expectativa dos transportadores frotistas e autônomos é que o projeto seja votado nesta data, segundo informações obtidas pelo Agro Olhar. O setor não descarta uma nova paralisação caso o projeto não seja votado ou venha não seja aprovado.
Como o Agro Olhar comentou, nos últimos dois dias caminhoneiros de diversos Estados estiveram em Brasília (DF) reunidos como forma de manifesto pela aprovação do projeto de lei 528/2015. Uma carreata chegou a ser realizada na terça-feira, 29 de novembro.
Em Mato Grosso, bloqueios nas rodovias federais chegaram a ser realizados nos municípios de Diamantino, Nova Mutum, Sinop e Alto Araguaia.
Levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que consta em seu site, mostra que o frete de Sorriso para o Porto de Santos hoje está na casa dos R$ 200. O valor é 34,4% inferior aos R$ 305 pagos pela tonelada em março, mês este considerado o pico da safra de soja. Ao se comparar com novembro de 2015 o recuo é de 33,3% diante os 300 pagos na época pela tonelada de Sorriso para o Porto de Santos.
Ao se comparar o chamado frete curto, ou seja, dentro do próprio Estado há um recuo de 34,5% entre março e novembro no trajeto de Sorriso para Rondonópolis. Em março a tonelada saia em média a R$ 110 e hoje a R$ 72. Em novembro de 2015 R$ 104.
Crise
O setor do transporte de cargas, principalmente de grãos, vem passando por uma crise há três anos aproximadamente, tendo o “enterro do segmento” com a quebra da safra 2015/2016, onde somente entre soja e milho foram quase 9 milhões de toneladas a menos produzidas .
Em 2015, como acompanhado pelo Agro Olhar, os caminhoneiros em Mato Grosso chegaram entre os meses de fevereiro e março a bloquear as principais rotas de escoamento da produção de grãos. Em todo o país foram realizados manifestos em prol de melhores condições de trabalho e um frete que cubra os custos de produção.
Nos últimos anos o setor viu o preço do óleo diesel disparar, além de custos com manutenção do veículos, como pneus e oficinas, encargos e tributos. Somente em 2015 a Petrobras anunciou ao menos cinco reajustes de preço do litro do óleo diesel. Nas distribuidoras a alta chegou a cerca de 14,17% naquele ano.
FONTE: Olhar Direto