O transporte rodoviário de cargas (TRC) é o maior modal de transporte que existe no Brasil e, sem dúvidas, o mais prejudicado pela crise que ora se instala no país. Costumo dizer que o transporte é o primeiro setor que entra em crise e o primeiro que sai, pois não há nada que se produza, que se compre ou que se venda que não precise ser transportado. Portanto, confiantes na vontade de empresários, produtores, industriais, entre outros, de retomar a economia, devemos ter nossa operação ajustada e com tarifas dignas.
De um modo geral, as empresas fizeram ajustes operacionais para se adequar às poucas demandas do mercado, e, com isso, não houve repasse dos altos custos da inflação para suas tarifas.
Foram cortados postos de trabalho, filiais, frota, houve venda de ativos, etc., assim como foram feitos empréstimos, gerando um endividamento maior do que a capacidade de pagamento dessas empresas.
Diante desse cenário, as empresas “adoeceram” e foram parar na UTI, cujas máquinas podem ser desligadas a qualquer momento.
Mas, felizmente, a grande maioria de nossas empresas é familiar e carrega o coração em suas operações, e, por isso, deseja tanto que haja uma reação desse “doente” na UTI, não medindo esforços para tal.
O período de 3 a 5 de agosto de 2016 foi muito importante para o TRC, quando a NTC&Logística, maior associação de transportadores rodoviários de carga do Brasil, apresentou, na reunião do Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado (CONET), de que participaram federações e sindicatos, um estudo técnico da defasagem de frete no país, estudo este que foi amplamente debatido e aprovado por unanimidade para posterior divulgação ao mercado.
Por tudo isso, penso que o repasse principal nas tarifas de transporte deva ser acompanhado do índice de defasagem de preços, assim como será necessário contemplar lucro para sobrevivência do negócio. Portanto, agora é a hora: ou fazemos nossos ajustes tarifários ou corremos um sério risco de não sobreviver à retomada da economia.
Sugiro também que tenhamos muito cuidado com os BIDs, que são a arma dos embarcadores para a sobrevivência do negócio deles em detrimento do nosso, com cláusulas incumpríveis e, muitas vezes, abusivas. Assim, diante dos BIDS, acredito que temos uma única arma: a recusa.
ARTIGO: Marcelo Rodrigues – gestor e empresário do TRC há 23 anos e membro da ComJovem São Paulo desde 2006