Quando o motorista de caminhão opta por transportar cargas consideradas desinteressantes para as quadrilhas especializadas em roubos é um sinal de alerta sobre a ineficácia do combate a um tipo de crime que se tornou comum nas estradas que interligam a Região do Alto Tietê.
As mudanças no comportamento dos caminhoneiros resultam da realidade dos índices divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, divulgados em dezembro passado. Segundo pesquisa mensal feita pela Pasta, o número de roubos de cargas aumentou na comparação feita entre janeiro e novembro de 2015 (12 casos) e o mesmo período em 2016 (17).
O poder público responde ao que tem sido notícia assídua na Região de Mogi das Cruzes com ações como a instalação do Núcleo de Roubo de Cargas da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes. De seu lado, a iniciativa privada representada por transportadoras de todos os portes investe em mecanismos tecnológicos e até na contratação de escolta armada. Programas de atenção ao motorista recomendam que as viagens sejam feitas em comboios para neutralizar o aparato criminal.
Essas reações foram tomadas paulatinamente, nos últimos anos, para atender uma demanda preocupante.
A reportagem publicada na edição revela, no entanto, que essas estratégias não estão dando garantindo a tranquilidade dos caminhoneiros, das empresas e dos usuários em geral. Num primeiro momento, o roubo de carga coloca em risco a vida do condutor do veículo. Mas é um tipo de crime que também ameaça motoristas que estão passando no mesmo momento e local atacado por quadrilhas que costumam agir fortemente armadas.
No ano passado, investigações conseguiram deter alguns desses grupos. Porém, os resultados ainda são aquém do necessário. Os índices não decrescem e experiência dos caminhoneiros mostra que as estradas permanecem perigosas e inseguras.
Com trechos urbanos e favoráveis aos ataques, as características da malha rodoviária de Mogi das Cruzes, no acesso entre as capitais São Paulo e Rio de Janeiro, atraem os ladrões por causa da grande movimentação de carga entre esses dois grandes polos do mercado consumidor.
Reginaldo Faccini, do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários de Mogi e Região, prevê um aumento da criminalidade em função do desemprego e da crise econômica.
Por fim, uma constatação: enquanto os roubos de carga em estradas e regiões periféricas (de acesso às rodovias) aumentam, o Governo do Estado reduz o potencial de atuação da Polícia Rodoviária com o fechamento de bases e postos fixos que, no passado, representavam uma força a mais para o policiamento e a implantação de medidas preventivas.
FONTE: O Diário de Mogi