Os preços da gasolina e do óleo diesel da Petrobrás ainda estão mais elevados que os praticados no mercado internacional. Mesmo após as quedas de 1,4% da gasolina e de 5,1% do diesel, anunciadas na quinta-feira, 26, a estatal ainda vende combustíveis 6% e 1,5%, respectivamente, acima dos importados, segundo os analistas do Bradesco BBI, Filipe Gouveia e Osmar Camilo. Em relatório, eles classificam como "inesperada" a decisão da empresa de revisar os preços em um intervalo inferior a um mês. Mas ressaltam que, ao decidir pela revisão, a empresa demonstra acompanhar as oscilações do mercado externo.
O óleo diesel vendido nas refinarias da Petrobrás ficou 6,1% mais caro no dia 5 deste mês, enquanto a gasolina se manteve inalterada. "O segundo ajuste dos preços domésticos em janeiro estavam fora do radar, mas não deve ser encarado com surpresa", afirmaram Gouveia e Camilo, acrescentando que a companhia demonstrou ao mercado que poderá anunciar alterações em um intervalo inferior a um mês. "Isso revela que a política de preços da companhia realmente funciona", acrescentaram.
O Bradesco prevê que o reajuste terá impacto negativo de aproximadamente 4% sobre a geração de caixa da Petrobrás neste ano. Ainda assim, a previsão é que a empresa chegará ao ano de 2018 com nível de alavancagem próximo à meta de 2,5 vezes. A projeção do banco é de 2,8 vezes.
O ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e professor do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ, Helder Queiroz, ressalta, no entanto, a falta de transparência da empresa na condução dos preços dos combustíveis, o que, em sua opinião, afasta investidores da área de refino, hoje controlada pela estatal. Há apenas uma refinaria privada em funcionamento no Brasil, a de Manguinhos, no Rio de Janeiro.
"Pode ser bom para a Petrobrás, mas não é suficiente para atrair investidores. Além disso, gera uma confusão na cadeia. As distribuidoras não estavam acostumadas a essa oscilação", opinou.
Em outubro do ano passado, a Petrobrás anunciou que adotaria uma política de preços da gasolina e do óleo diesel para acompanhar as oscilações externas e também do real frente ao dólar. Na época, anunciou também que "a nova política prevê avaliações para revisões de preços pelo menos uma vez por mês", como trouxe o comunicado divulgado pela empresa.
Para o professor da UFRJ, sem a divulgação pela Petrobrás dos critérios usados para definir alterações nos preços, o mercado fica à mercê da estratégia empresarial. Ele diz ainda que o consumidor deve se manter atento a "apropriações indevidas das margens" por distribuidoras e donos de postos.
FONTE: Estadão