Em Uruguaiana, motoristas que trabalham com transporte de mercadorias convivem com o medo de assaltos. Caminhões carregados em direção ao Porto Seco do município da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, que é o maior da América Latina, têm sido alvos de bandidos, até quando estão em movimento. Conforme o Sindimercosul, sindicato que representa a categoria, já são pelo menos 20 ocorrências este ano.
Câmeras de segurança na região flagram ações de criminosos. Um dos vídeos (veja acima), mostra quem em segundos, um assaltante sobe em um caminhão em movimento, arromba a porta traseira, pega caixas com mercadorias e joga na pista.
"Não há uma preferência por mercadorias, eles abrem muitas vezes sem saber o que tem dentro. Se interessar, eles roubam. Se não interessar, eles deixam a carreta aberta", diz o presidente do sindicato, Jorge Luiz Frizzo.
O caminhoneiro Roberto Dumerik Filho, por exemplo, não foi roubado. Mas teve o veículo aberto por assaltantes.
"A polícia, com o giroflex, mandou eu estacionar. Estacionei, desci do caminhão, e [o policial] me perguntou: 'o senhor não viu o que aconteceu lá atrás?' A carreta tinha sido aberta, não levaram a mercadoria porque se depararam com bolsas de 60kg, que não conseguiram tirar", lembra o motorista.
Mesmo que a mercadoria não seja levada, há prejuízos. O caminhão que chega ao Porto Seco é vistoriado. Se a carga estiver violada, ou faltar alguma coisa, quem paga por isso é a empresa responsável pelo transporte. E o caminhão ainda fica retido na Aduana até a carga ser regularizada.
"Veio todo um transtorno: multas, rompimento de lacre, foro físico. Conferência da mercadoria. Enfim, tudo isso e mais três dias lá dentro. E tudo quem paga é a empresa, é o exportador. Importador não quer saber, o importante é a mercadoria dele", acrescenta o caminhoneiro Roberto.
Os bandidos agem sempre da mesma forma. O ponto preferido para os ataques é o trecho que dá acesso à BR-290. Ali, os caminhões que saem do Porto Seco precisam reduzir a velocidade para entrra na rodovia, e a pista inclinada facilita a ação dos criminosos.
Autoridades se dizem preocupadas com a situaçãoe tentam encontrar alternativas para reduzir os ataques. A iluminação no trecho mais crítico já foi reforçada, e a Polícia Rodoviária Federal tem intensificado as rondas. Porém, as ocorrências continuam.
"Os infratores permanecem verificando e constatando se a Polícia Rodoviária Federal está no local, e neste momento não executam as suas ações. Posteriormente, com a saída da viatura, eles praticam os atos", diz o Chefe da 13° Delegacia da PRF, Eduardo Bertão.
O presidente do Sindimercosul faz um alerta. Conforme ele, muitos casos de roubo não chegam à polícia. "A empresa manda seguir, chega no cliente, depois dá um acerto de desconto (...) E isso nos prejudica. Porque cada um que é roubado e não registra o furto, não entra na estatística de roubo. E quando a gente pede solução das autoridades, nós temos que ter uma estatística que diga que aquilo ali é realmente um local perigoso e alvo dos ladrões", salienta Frizzo.
"A gente fica totalmente impotente quando vai subir ali (..) Já sobe com o coração na mão, desesperado. Será que vai ser agora, será que não vai ser?!", lamenta o caminhoneiro Roberto.
FONTE: G1