Na semana que vem, depois de muitos atrasos, vão ser abertos ao público os últimos trechos duplicados da Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba. A reforma pretende acabar com um título triste, que já foi muito atribuído à estrada: o de rodovia da morte.
Fogo dentro do túnel. Os carros não podem passar e a fumaça se espalha. Um operador da estrada pede urgência. Todos devem deixar os carros e sair o quanto antes.
Enquanto isso, bombeiros chegam para apagar as chamas. Em minutos, a fumaça desaparece.
No caso de um incêndio, por exemplo, tem fogo, gases, e aí as pessoas passam por lá. São portas corta-fogo e depois que atravessam pelas portas, a gente entra no túnel principal. São 213 metros que separam os pedestres de veículos em chamas.
Este foi o teste final, antes da liberação do último trecho da Serra do Cafezal, na Rodovia Régis Bittencourt.
Na quarta-feira (20), os dois últimos trechos em obras, de dez quilômetros vão estar abertos.
“O traçado foi rigorosamente feito, o trajeto em cima do maior respeito ao meio ambiente, a preservação. E foi uma obra construída com a rodovia viva. Com a rodovia em circulação”, disse Francisco Pires.
Dos 39 viadutos e pontes, um tem mais de 50 metros de altura. Por isso vai contar com um equipamento para ajudar em caso de acidente. Um cesto que leva os socorristas e equipamentos e iça as vítimas.
A Régis Bittencourt é o principal corredor do Mercosul, liga Curitiba a São Paulo. Boa parte do que é produzido na Argentina, Uruguai e Paraguai e no Sul do Brasil passa pela estrada para chegar ao resto do país.
A duplicação dos 30 quilômetros da serra levou cinco anos e custou R$ 1,3 bilhão.
Em 2011, o Jornal Nacional mostrou que as obras de duplicação da Serra do Cafezal não saiam por falta da licença ambiental. A Régis Bittencourt era chamada de Rodovia da Morte. Tinha acidente quase todos os dias. No fim de 2012, o Jornal Nacional voltou lá. A licença para duplicar a serra tinha saído e as obras só começaram em 2013.
Naquele ano, 175 pessoas morreram na Régis Bittencourt. Em 2017, até agora, foram 76.
Isso é rotina entre os caminhoneiros. A maioria só desce a serra se souber como está o caminho.
José Carlos dos Santos (caminhoneiro): Eu já cheguei a ficar ali três horas para descer.
Repórter: Costuma descer em quanto empo?
José Carlos: No máximo, 40 minutos, nem isso.
Com a estrada nova, a preocupação deixa de ser os congestionamentos. Os caminhoneiros dizem que a segurança vai depender dos próprios motoristas.
“Espero que mude a vida de todos. Todos têm que ter a consciência de saber usar a serra, né? Porque a maioria dos acidentes é falta de um pouquinho de consciência”, explicou o caminhoneiro Edson Paltiner Coutinho.
FONTE: Jornal Nacional