A Cargill, um dos maiores exportadores do Brasil, criticou nesta terça-feira o estabelecimento de uma tabela de frete rodoviário mínimo, que “inviabiliza a comercialização antecipada de grãos”, podendo resultar ainda, segundo a trading, em novos modelos de venda de produtos.
A multinacional com sede nos Estados Unidos, uma das maiores empresas globais do agronegócio, afirmou também que avalia adquirir frota própria de caminhões e contratar motoristas, para ficar menos sujeita aos efeitos da tabela, caso a medida do governo estabelecida após a paralisação de caminhoneiros em maio não seja revertida pela Justiça.
O caso está sendo avaliado no Supremo Tribunal Federal (STF). Associações da indústria, que argumentam que o tabelamento elevará preços dos alimentos para a população, entraram com ação na Justiça pedindo a inconstitucionalidade da tabela, aprovada pelo Congresso e no aguardo da sanção do presidente Michel Temer.
“Com o tabelamento, indústrias e exportadores terão que repensar a forma como irão operar no Brasil, pois cria-se uma ruptura no funcionamento natural da cadeia de suprimentos e desequilibra os contratos, a ponto de comprometer a confiança na expansão sustentável do agronegócio“, disse o diretor de grãos e processamento da Cargill para América Latina, Paulo Sousa, em nota enviada a jornalistas.
A Cargill, cuja unidade Agrícola lucrou mais de meio bilhão de reais em 2017 no Brasil, registrando receita de 34,2 bilhões de reais, afirmou que uma alternativa a essa fixação de preços altos para frete é o investimento na verticalização das operações. Ou seja, aquisição de frota própria, uma opção que vem sendo analisada para a próxima safra, comentou a companhia.
Para Sousa, as indústrias de processamento de produtos agrícolas e as empresas exportadoras serão forçadas a mudar seu modelo de atuação.
Ao invés de comprar os grãos com retirada nas fazendas ou nos armazéns no interior, as empresas serão forçadas a comprar somente com entrega nas fábricas e nos portos, disse a empresa.
“Desta forma, se reduz o risco ao máximo, permitindo a utilização de frota própria nas rotas de alta eficiência entre fábricas e portos, maximizando uso das hidrovias ou ferrovias – as quais são mais eficientes e agora se tornam juridicamente muito mais seguras”, disse.
O executivo lembrou que a nova lei incentiva os agricultores que ainda não têm caminhões a adquirir seus veículos próprios e, os que já têm, ampliar sua frota de maneira significativa.
“Isto pode comprometer ainda mais o equilíbrio do mercado e tornar o excesso de oferta de caminhões um problema substancialmente maior”, destacou.
Agentes do setor de transportes afirmam que uma das causas dos fretes baixos é a grande oferta de caminhões, cujo aumento de frota foi incentivado por crédito facilitado em governos anteriores, quando havia a expectativa de que a economia continuaria crescendo.
O diretor de grãos e processamento da Cargill para América Latina disse ainda que o “tabelamento abre caminho para oportunistas trabalharem na informalidade, de uma maneira bastante pulverizada e sem condições de controle e fiscalização, aplicando descontos nos preços de transporte sob uma tabela sem critérios técnicos e insanamente acima dos níveis realistas de mercado”.
Segundo a Cargill, os produtores rurais com maior capacidade de investimento conseguirão vender sua safra ainda melhor, incorporando à sua receita os benefícios de um frete artificialmente sobrevalorizado ao seus produtos, acentuando a concentração de renda também no campo.
Já os pequenos e produtores rurais da agricultura familiar serão forçados a se organizar em cooperativas de frete, com suas frotas próprias, ou perderão competitividade, sendo eliminados da produção de grãos do Brasil, comentou Sousa.
A empresa que atua no Brasil desde 1965 e com mais de 8 mil funcionários –presente em 17 Estados brasileiros e no Distrito Federal por meio de unidades industriais, armazéns, terminais portuários e escritórios em mais de 140 municípios– disse ainda que “espera que a sociedade brasileira se conscientize que os alimentos ficarão mais caros ao aplicar essa lei e continue externando sua insatisfação com essa ‘cartelização’ do setor de transporte rodoviário com consentimento dos poderes Executivo e Legislativo”.
Para a empresa, o tabelamento de frete é um atraso ao modelo econômico-social brasileiro e traz enormes impactos financeiros para a população que mais necessita de alimentos. “É um desrespeito aos grandes avanços e ganhos de eficiência e produtividade promovidos pelo agronegócio brasileiro, dentro e fora das propriedades rurais.”
O Brasil é líder global na exportação de soja e o segundo maior em embarques de milho, sendo também o maior exportador de carnes de frango e bovina, café, açúcar e suco de laranja.
FONTE: Estadão Conteúdo
Beleza então, comprem caminhões e importem motoristas!
ResponderExcluirVai precisar importar não, vai ter um monte de autoboma fazendo fila, já que não vai ter carga fora. Única coisa que o tabelamento vai fazer é fortalecer ainda mais as grandes empresas do transporte.
ExcluirInfelizmente...só ganha quem tem muito dinheiro ...Aí pisam no pobre que precisa do pouco...Brasil..
ResponderExcluirTem renascer de novo..sem limites.
Foda se compre seu caminhão não de valor ao trabalho dos outros
ResponderExcluirSimples so ter fiscalização nos horários dos motoristas deles , que logo eles vem que não é viavel eles terem frota própria.
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