O portal da Revista Veja, publicou nesta terça-feira (04) uma nova reportagem que reforça a possibilidade da retomada das paralisações do transporte rodoviário de cargas brasileiro. No fim de novembro, a revista já havia publicado sobre uma paralisação em virtude do frequente descumprimento do tabelamento do frete.
De acordo com a publicações desta terça, a nova paralisação de caminhoneiros que começa a ser organizada através de grupos de Whatsapp está prevista para 22 de janeiro, dois dias após uma reunião que deve ocorrer na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e que terá como principal objetivo discutir os valores determinados pelo tabelamento e um possível reajuste.
Segundo as lideranças da categoria, a maioria das empresas descumpre o tabelamento e não sofre nenhuma punição, pois falta fiscalização da ANTT. “Pouquíssimas empresas pagam o piso mínimo, talvez uns 2%. O restante continua igual, paga o que quer”, afirmou Ivar Luiz Schmidt, porta-voz do Comando Nacional do Transporte, em entrevista a Veja.
Para o cumprimento efetivo do tabelamento do frete, a nova paralisação exigirá da ANTT o condicionamento da emissão do código identificador de operação de transporte (Ciot) ao cumprimento dos pisos mínimos do frete. Sem esse código, o caminhão não pode carregar a carga.
Bruno Tagliari, uma das lideranças dos caminhoneiros no Sul do país, também concedeu entrevista ao portal da Revista Veja e disse que o novo protesto será pacífico. “A orientação é que o caminhoneiro pare em casa ou em algum posto de parada na rodovia. Que não interrompa o trânsito nas estradas.”
Ainda segundo Tagliari, o dia 22 de janeiro foi escolhido por ser o tempo necessário para discutir o piso mínimo do frete, que será alvo de uma reunião no dia 20. “Se nada for feito até o dia 22, vamos ter que parar.”. Ainda segundo ele as mensagens contendo o aviso da paralisação vem sendo disseminadas em grupos de WhatsApp com grande apoio dos profissionais.
Durante a entrevista, Tagliari também destacou a situação insustentável que os caminhoneiros vem enfrentando nos últimos anos. “Não temos como sustentar nossas famílias, por isso tem tanto caminhão velho e sem condições rodando por aí.” destacou. “Pela primeira vez, vou ter que escolher neste fim de ano se pago as parcelas do pneu ou se faço ceia e compro presente de Natal para minhas filhas. A situação é assim com todo mundo, não sobra nada no fim do mês.” completou.
Procurada pela Revista Veja, a Confederação Nacional de Transportes Autônomos (CNTA) afirmou desconhecer a paralisação. Já a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não se pronunciaram.