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Antes de fazer o recrutamento e a seleção em Roraima, a Transpanorama apresentou uma série de documentações, que foi enviada à ONU (Organização das Nações Unidas), demonstrando a sua capacidade de empregar os motoristas estrangeiros e o cumprimento de suas obrigações legais, nas mais diversas esferas.
No total, 130 motoristas se candidataram às vagas disponíveis. Trinta serão levados em julho para Maringá (PR), onde fica a sede da transportadora.
“Os venezuelanos que forem contratados pela Transpanorama vão trabalhar nos melhores caminhões disponíveis no mercado, com tecnologia de última geração e terão excelentes condições de trabalho. Esta é uma forma de oportunizar emprego e renda para eles, de conseguirem cuidar das suas famílias. Vamos recebê-los de braços abertos e temos a certeza de que será uma ótima parceria”, diz Claudio Adamuccio, diretor Administrativo da Transpanorama.
Antes de irem para as rodovias, eles vão participar durante 30 dias de um curso de capacitação e aperfeiçoamento de motoristas, onde terão informações sobre a legislação de trânsito e transporte brasileiro, a cultura do nosso país e da Transpanorama, além de aulas de língua portuguesa. Todos terão alimentação e alojamento proporcionados pela transportadora.
As condições de trabalho serão as mesmas dos motoristas brasileiros, ou seja, registrados de acordo com a CLT e com demais condições de trabalho. Após o término do curso, os motoristas venezuelanos irão viajar durante 30 dias pelo país com motoristas padrinhos, ou seja, colaboradores da empresa que terão a missão de continuar o processo de acolhimento. O deslocamento dos motoristas para Maringá será de responsabilidade da Missão Acolhida.
“Temos um planejamento que foi desenvolvido junto com as autoridades brasileiras, como o Exército, para receber os venezuelanos, que tem como objetivos a acolhida, a integração e o aperfeiçoamento destes profissionais para poderem viver e atuar como profissionais no Brasil”, diz Jean Salgals, gerente de RH da Transpanorama.
MISSÃO ACOLHIDA
Alexandre Carvalhaes, chefe da célula de interiorização da Missão Acolhida e coronel do Exército, diz que há o objetivo de garantir o fluxo migratório das pessoas que vêm da Venezuela para o Brasil. Segundo Carvalhaes, ações como a feita pela Transpanorama, em Boa Vista, somam com os esforços das autoridades para contribuir na geração de emprego e renda para os venezuelanos. Ele afirma que a Transpanorama é a primeira transportadora a contratar uma quantidade expressiva de motoristas da Venezuela. “Hoje a Operação Acolhida faz um chamamento à comunidade e ao empresariado brasileiro para que possam abrir vagas de emprego nas suas plantas ou nas suas indústrias [para o povo venezuelano]. Temos um grande banco de dados e condições de selecionar candidatos de toda a expertise”, diz.
Felipe Amado Mejias Penaloza, 43 anos, é motorista e trabalhava na Venezuela no transporte de cegonheira, container e produtos químicos. Está há dois anos desempregado e há um ano e seis meses mora no Brasil. Boa parte da família dele está do lado de cá da fronteira, morando num abrigo. São quatro filhos, um neto, uma nora e a esposa. A cidade de origem de Penaloza está 24 horas de viagem de Boa Vista, de ônibus. “Na Venezuela cheguei a pesar 100 quilos, mas quando sai de lá, estava com 49. Foi muita fome com a minha família. O dinheiro não rendia. Agora, estou pesando 80. Aqui pelo menos não passo fome. Ter este emprego vai me ajudar a devolver o futuro para os meus filhos, significa muito para mim”, diz.
Nestor Alcedo Cumache, 52 anos, está no Brasil há cinco meses. Começou na profissão de caminhoneiro há 19 anos. Na Venezuela, trabalhou no transporte de sementes, grãos e bobinas. Está desempregado há dois anos. Hoje mora nas ruas de Boa Vista, com a família: a esposa, uma filha de 14 anos e uma filha de quatro anos, ficando a maior parte do tempo numa praça da cidade. “Durmo com a minha mulher numa rede e as minhas filhas ficam na barraca. Na Venezuela, passei muita fome, minha filha de quatro anos pedia café da manhã e não tinha para dar. Vendi tudo para vir para cá, casa, carro... Não tinha como manter o carro, pneus eram muito caros. Aqui, às vezes, faço diária de trabalho, ganho R$ 50 reais, que já ajudam para comprar alimentos. Quero essa oportunidade de trabalhar na Transpanorama, é de ouro. Com isso vou ajudar a minha família e terei a chance de aprender mais na empresa”, aponta.
A Transpanorama Transportes foi fundada em 1986, tem 1.100 caminhões, 1.800 colaboradores e atua em todas regiões do Brasil, no transporte de grãos, líquidos, industrializados e cargas postais. A empresa está entre as dez maiores do país e foi a segunda empresa brasileira a obter a ISO 39001, que preza pela segurança viária e está ligada aos objetivos da ONU, no que tange a redução de mortes e acidentes de trânsito.
FONTE: Transpanorama
FONTE: Transpanorama