Alisson Negrini/TV TEM |
Os dados, coletados em trechos monitorados pela Polícia Rodoviária Federal entre janeiro de 2014 e julho de 2020, mostram que, como defendem as entidades de especialistas em trânsito, aumentar o prazo para a renovação da CNH é uma tragédia anunciada. “As doenças afetam significativamente a capacidade de dirigir e reforçam a necessidade de avaliações mais criteriosas de motoristas em curtos intervalos de tempo. Nos exames realizados, médicos e psicólogos especialistas detectam precocemente condições de saúde que provocam acidentes. Com a ampliação do prazo para a renovação, a deterioração da saúde não será diagnosticada a tempo de evitar que novos acidentes e mortes ocorram”, explica o diretor da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA) e coordenador da Mobilização Nacional dos Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito, Alysson Coimbra.
Segundo a pesquisa da Abramet, a falta de atenção ao dirigir, consequência de situações como fadiga, estresse, cansaço, deficit de atenção ou comprometimento do raciocínio, causou 76% dos acidentes e foi responsável por 62% (9.047) das mortes e 74% (182.288) dos ferimentos no período.
A segunda causa de acidentes é a ingestão de bebida alcoólica e a terceira, sonolência. “Outras causas de acidentes elencados na pesquisa são o mal súbito, que também pode ser prevenido com exames médicos periódicos, a redução da visibilidade e o uso de substâncias psicoativas. Todas essas condições encontradas na pesquisa podem ser detectadas na avaliação médica e psicológica feita no ato da renovação da CNH”, completa o médico.
Na avaliação de Coimbra, a pesquisa comprova que as alterações na saúde física e mental dos motoristas brasileiros interferem significativamente na capacidade de conduzir veículos sem se envolver em acidentes. “Temos um projeto de lei parado no Senado que tem o potencial de salvar vidas no trânsito. O PL 98, de 2015, determina que todos os motoristas passem por avaliações psicológicas no ato da renovação da CNH. Hoje, só os profissionais fazem esse exame a cada renovação. Os motoristas comuns passam por uma única avaliação quando tiram a carteira, aos 18 anos. Em cinco anos, as condições de saúde das pessoas se alteram, muitas vezes, drasticamente. Agora imagine em 10 anos, teremos um número muito maior de motoristas doentes nas ruas e estradas brasileiras”, finaliza Coimbra.
FONTE: Divulgação