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Preço do frete em Minas Gerais sobe apenas 2,20% enquanto diesel dispara 36%

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Em agosto de 2021, o preço do frete no estado mineiro foi de R$ 0,98 por quilômetro por eixo, o segundo mais alto da região Sudeste

Dados recentes do Índice FreteBras do Preço do Frete (IFPF) revelam que o preço do frete em Minas Gerais não está acompanhando as sucessivas altas no valor do óleo diesel nas bombas. De acordo com o levantamento, enquanto o combustível acumulou alta de 36% entre agosto de 2020 e agosto de 2021, o valor do frete subiu apenas 2,20%, ficando em R﹩ 0,98 por quilômetro por eixo. Na comparação de julho a agosto de 2021, tanto preço do frete quanto do diesel permaneceram praticamente estáveis no estado mineiro, variando apenas 0,28% e 0,56% respectivamente.

"De julho a agosto, a quantidade de motoristas cadastrados em nossa plataforma se manteve estável, enquanto que o volume de fretes aumentou cerca de 4,5%. Isso fez com que houvesse esse leve aumento no preço médio do frete, mas não o suficiente para acompanhar a alta do diesel, que já vinha de um aumento exponencial ao longo do ano", relata o Diretor de Operações da FreteBras, Bruno Hacad.

No mesmo período comparativo, as maiores quedas no valor médio do frete por quilômetro por eixo no Brasil foram registradas no Rio Grande do Norte, sendo R$ 0,93 (-15,20%),  e no Ceará, R$ 0,92 (-6,63%).

Entretanto, as maiores altas no valor médio do frete foram registradas no Maranhão (+6,92%) e no Distrito Federal (+6,34%). Os preços médios do frete nessas localidades foram de R 1,03 e R$ 1,00, respectivamente, no mesmo período.

Considerando apenas agosto deste ano, o frete mais caro foi registrado no Amapá, com R﹩ 1,19 por quilômetro rodado por eixo, seguido por Tocantins (R﹩ 1,04). Já os mais baixos foram observados no Ceará (R﹩ 0,92) e também no Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, todos com R﹩ 0,93 por km rodado por eixo.


Frete não acompanha custos em todas as regiões
O estudo mais recente da Fretebras também confirma que o valor do frete no Brasil continua não acompanhando os sucessivos aumentos no preço do óleo diesel em todas as regiões do país. Entre agosto de 2020 e agosto de 2021, o custo nacional do transporte por quilômetro rodado por eixo teve um aumento de apenas 1,58%, enquanto o preço do diesel, no mesmo período, subiu 37,25%.

Os dados do IFPF também revelam que o valor médio do frete por quilômetro por eixo no Brasil foi de R﹩ 0,98, em agosto, sendo que a região Norte apresentou o quilômetro por eixo mais caro (R﹩ 1,04), seguida por Nordeste (R﹩ 0,99) e Centro-Oeste (R﹩ 0,98). Já os fretes mais baratos foram registrados no Sul e Sudeste, ambos com R﹩ 0,97.

Na comparação entre julho e agosto de 2021, a maior alta do preço do frete foi registrada no Centro-Oeste, alcançando 1,95%. "Isso aconteceu muito em função da crise hídrica que acarretou a paralisação da hidrovia Tietê-Paraná e também o declínio das estimativas da produção nos estados da região. Assim, para o transporte de grãos do percurso Centro-Oeste até Sudeste, os produtores tiveram que usar como alternativa o modal rodoviário, que é dois terços mais caro que o hidroviário", analisa Hacad.

Já a região Nordeste registrou a maior queda no período, já que entre julho e agosto o valor do transporte rodoviário por quilômetro rodado ficou 3,27% mais barato. Houve um aumento de quase 6% de veículos registrados na plataforma na região, ajudando a puxar para baixo o valor do frete.


Variações anuais são influenciadas pela pandemia
Entre agosto de 2020 e agosto de 2021, o maior aumento no preço do frete foi na região Sul do país (+2,07%). Neste período, a maior demanda por caminhoneiros para o escoamento da produção de grãos na região, que foi 6,5% maior segundo o CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), gerou um impacto ligeiramente positivo no preço do frete.

Já a maior queda foi registrada no Norte (-4,84%). "Em agosto, tivemos em nossa plataforma 43% mais caminhoneiros disponíveis do que fretes na região Norte e isso fez com que o mercado pagasse mais barato para realizar os transportes ", declara Hacad.

Neste período, as variações do preço do diesel nas bombas foram altas. A média nacional foi 37,25% maior do que em agosto do ano passado, sendo que a região Norte teve a menor variação com 35,39% e a Nordeste obteve a maior, com 38,22%.

O IFPF, que foi lançado em fevereiro, permite uma visão além da regional, com um olhar localizado para os Estados brasileiros. O Alagoas registrou a maior alta no preço do frete (+13,02%), de agosto de 2020 para agosto de 2021, impactado por uma alta de 87% no volume de fretes cadastrados na FreteBras. O Piauí também teve um aumento considerável de 11,53% no preço do frete, puxado pelo aumento de área plantada em 8%, o que gerou uma maior produção de grãos (milho e soja) em cerca de 10%.

Apesar do aumento no preço do frete, ambos os Estados tiveram uma variação de mais de 40% do preço do diesel no período comparado, sendo que Alagoas chegou a quase 43% de aumento.

Sobre os estados com maiores quedas no preço do frete, o Rio Grande do Norte e Ceará, em comparação com agosto de 2020, fecharam com -16,88% e -7,95%, respectivamente, enquanto o preço do diesel nestes Estados aumentou em cerca de 39,38% no mesmo período.

"Depois de lançar o IFPF, confirmamos que o preço médio do frete não acompanha a alta dos custos do diesel, mas também entendemos que o poder de negociar está nas mãos dos caminhoneiros. Por isso, lançamos o programa CalculaFrete, que tem como carro chefe a Calculadora de Custos. O objetivo é apoiar esses profissionais na gestão dos custos do transporte. É uma forma de empoderar ainda mais os motoristas e ajudá-los a organizar melhor seus gastos para conseguir manter o lucro das viagens", explica o executivo da FreteBras.


Metodologia
Os dados que compõem o Índice FreteBras de Preço do Frete (IFPF) têm como base a análise de mais de 5 milhões de fretes cadastrados até agosto de 2021. Com mais de 580 mil caminhoneiros cadastrados e 14 mil empresas assinantes, a FreteBras cobre 95% do território nacional. Foram analisados também os preços de combustíveis publicados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), principal índice de preço de combustíveis no Brasil.


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