FADEEAC/Divulgação |
Informação é confirmada por um levantamento realizado pela FADEEAC, entidade que representa o transporte de cargas na Argentina
Nas últimas semanas uma das principais preocupações do mercado brasileiro e internacional de combustíveis tem sido a eminente falta de óleo diesel. A primeira vista, a informação pode parecer especulação, mas em países vizinhos ao nosso já é uma dura realidade, como por exemplo na Argentina.
Um levantamento divulgada nesta segunda-feira, 30 de maio, pela Federação Argentina de Empresas de Transporte de Cargas Entidades (FADEEAC), entidade que reúne 43 Câmaras de Transportes de todo o país e representa 4.400 empresas do setor, confirmou a falta de óleo diesel nas bombas do país e colocou em evidência os prejuízos causados aos caminhoneiros, especialmente entre os dias 5 e 25 de maio
De acordo com a pesquisa, 31% dos entrevistados afirmaram esperaram entre 6 e 12 horas para poder encher o tanque de diesel; 26% tiveram que esperar mais de 12 horas; 26% entre 3 e 6 horas; e 17%, entre 2 e 3 horas. Até o momento, 600 profissionais responderam à pesquisa.
"A escassez que sofremos já dura mais de dois meses. Entendemos que não é uma questão fácil de resolver, mas está claro para nós que é um problema causado pela falta de divisas e pela dificuldade de avançar rapidamente nas políticas que se impõem. Há várias semanas, centenas de caminhões da Bolívia vêm ao porto de Campana para buscar o combustível que seu país importa. Se pago, o combustível está disponível. Enquanto isso, na Argentina temos caminhões retidos na beira da estrada, por falta de diesel", disse Roberto Guarnieri, presidente da FADEEAC.
“Os prejuízos causados por esta situação são muito grandes, do ponto de vista económico e social. O tempo de espera e a incerteza de um transportador que não sabe quando partirá, nem quando chegará ao seu destino, causa enormes prejuízos. E o mais angustiante é que apesar das repetidas promessas de diferentes funcionários dizendo que tudo se normalizaria, não temos nenhuma notícia”, destacou Guarnieri.
O levantamento realizado pela entidade também revela as regiões do país com maior escassez de óleo diesel. Curiosamente, a falta do combustível é registrada nas províncias argentinas que fazem fronteira com o Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile, fato que eleva de maneira considerável o risco dos caminhoneiros argentinos tentarem abastecer nesses países, e consequentemente, ampliar as fronteiras da escassez de combustíveis.
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“É um problema que atinge todo o país, de diversas formas. A situação mais crítica é vivida no centro e norte; No sul, por enquanto, não houve grandes complicações, mas se uma solução não for encontrada com urgência, começaremos a ver desabastecimento. Não podemos levar a colheita em tempo hábil, nem o gado ou a comida. A indústria em geral começará a sentir as consequências. O combustível é um elemento essencial para podermos cumprir a nossa tarefa. Mais de 90% da economia argentina se movimenta de caminhão”, acrescentou Guarnieri.
Risco de desabastecimento no Brasil
O transporte rodoviário de cargas brasileiro também corre risco de enfrentar uma escassez de óleo diesel nos próximos meses. O alerta foi dado na última semana pela própria Petrobras, através de uma carta enviada à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em resposta, o Ministério de Minas e Energia (MME) se manifestou e esclareceu que está atento ao abastecimento nacional de combustíveis desde o início da guerra entre Ucrânia e Rússia. Segundo a pasta, os estoques de óleo diesel S10 somados com a produção nacional garantem o suprimento do mercado nacional por 38 dias.