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Mudança no percentual da mistura de 10% para 13% poderá aumentar o preço nas bombas, elevar o consumo de caminhões e ônibus, bem como a emissão de poluentes
Como se não bastasse a disparada dos preços dos combustíveis, o transporte rodoviário de cargas e de passageiros conta agora com uma nova preocupação, a possibilidade da retomada da elevação da mistura do biodiesel no diesel. O alerta é dado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Para a entidade, a medida que é apontada como uma forma de aumentar a disponibilidade do diesel no mercado brasileiro e consequentemente mitigar o eminente risco de desabastecimento, beneficiará única e exclusivamente a indústria de biodiesel. Já o transporte brasileiro terá que arcar com mais aumentos no preço do diesel, elevação do consumo bem como maior emissão de poluentes, além da geração de mais inflação.
De acordo com os cálculos da CNT, se mantidos os preços do diesel A e do biodiesel referentes à semana de 23 a 29 de maio, a elevação do percentual da mistura de 10% para 13% aumentaria imediatamente o preço do diesel B em 1,4%. Se elevado o percentual para 15%, o impacto seria de 2,4% no preço do diesel B.
Por meio de nota, a entidade afirma ainda que as especificações inadequadas que comprometem a qualidade da mistura em percentuais elevados de biodiesel no diesel acarretam diversos problemas técnico-mecânicos, como por exemplo, aumento do consumo de combustível, fato que poderá agravar ainda mais a oferta do combustível no país. Destaca-se ainda a possibilidade de ressurgimento de outros problemas operacionais, como paradas repentinas de veículos, elevando assim o custo da atividade produtiva no país e colocando em risco a segurança da operação, dos motoristas e passageiros do transporte rodoviário.
O aumento na emissão de poluentes também é destacado pela CNT. "Outro ponto importante é que o aumento da mistura do biodiesel não vai reduzir a emissão de poluentes, ao contrário, vai aumentar, justamente por causar problemas no sistema de motor que levam ao comprometimento da queima do combustível que se dá na câmara de combustão. O aumento de consumo de combustível, provocado pela queda de performance nos veículos de ciclo diesel, abastecidos com teor de biodiesel acima do que os seus motores são capazes de processar, aumenta a emissão de poluentes", explica a entidade.
Para a CNT, neste momento ""é preciso garantir a previsibilidade aos consumidores mediante a manutenção dos 10% de mistura ao longo de todo o ano de 2022, conforme decidido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em 29 de novembro de 2021. É fundamental que seja mantido o compromisso do Governo com os princípios da tecnicidade, previsibilidade, transparência, segurança jurídica e regulatória aos setores econômicos", conclui.