Pesquisa da CNTA entrevistou 1.000 caminhoneiros em cinco pontos do Brasil - Foto: Vipal
Pesquisa encomendada pela CNTA também revelou que o caminhoneiro autônomo no Brasil trabalha em média 13 horas por dia e 23 dias por mês
Com o objetivo de nortear o desenvolvimento de ações mais assertivas e eficazes para os caminhoneiros autônomos brasileiros, a Confederação Nacional do Transportadores Autônomos (CNTA), maior entidade da categoria atualmente, realizou entre os dias 4 e 18 de abril de 2022, a Pesquisa “A realidade do caminhoneiro autônomo em 2022”. Além de traçar o perfil da categoria, o levantamento também revelou dados preocupantes e significativos.
“Identificamos alguns desafios com nossa pesquisa e nos surpreendemos com alguns resultados. Nosso objetivo com a pesquisa é estabelecer um planejamento mais efetivo dentro das demandas levantadas e evidenciar para a sociedade qual é a realidade deste profissional”, destaca o presidente da CNTA, Diumar Bueno.
Perfil Profissional
Inicialmente a pesquisa promovida pela entidade identificou que 64,3% dos caminhoneiros autônomos brasileiros não possuem CNPJ/MEI, enquanto apenas 35,7% já se formalizaram como pessoas jurídicas.
A pesquisa também traçou o tempo de exercício da profissão. 37,4% dos entrevistados já trabalham de 11 a 20 anos, enquanto 26,2% já conta com 1 a 10 anos de trabalho na profissão. Outros 22,4% já exercem a função há pelos de 21 a 30 anos e 14% há mais de 30 anos. Já a média geral de exercício da profissão ficou em 19 anos.
Carga horária, fretes e remuneração
Exercer a profissão de caminhoneiro autônomo não tem sido uma tarefa nada fácil no Brasil, segundo a pesquisa da CNTA. De acordo com o levantamento, hoje, o profissional trabalha em média 13 horas por dia e 23 dias por mês para receber cerca de R$ 3,9 mil (líquido).
O valor do frete também segue sendo um grande desafio para os profissionais. Enquanto 55% dos entrevistados afirmaram que conhecem a Lei do Piso Mínimo do Frete, outros 45% afirmaram desconhecerem a atual legislação que regulamenta os valores do frete. Do total que afirmou conhecer a legislação, 72% disseram que não estão satisfeitos, enquanto 28% se declararam satisfeitos.
Características da frota
Além de levantar o número médio de veículos de carga que os caminhoneiros autônomos brasileiros possuem atualmente, a pesquisa da CNTA também traçou o perfil da frota. Enquanto 83,7% dos profissionais possuem apenas um caminhão, 14,7% disseram ter de 2 a 3 veículos de carga e apenas 1,6% afirmaram ter mais de 4 caminhões.
Curiosamente, 43% da frota de caminhões dos autônomos no Brasil são de caminhões truck, 14% caminhões 3/4, 12% são bitrens ou rodotrens, bem como 12 % também possuem cavalos trucados combinados com carretas, 11% disseram ter carretas de 2 ou 3 eixos, 5% VUC's (Veículos Urbanos de Carga) e 5% caminhões toco.
A pesquisa também revelou que 35% da frota possui implemento do tipo baú, enquanto os graneleiros correspondem a 26% do total, 16% são implementos voltados para o transporte de madeira, 9% para transporte de contêineres, 2% são tanques, 1% frigoríficos e os 16% restantes estão divididos entre grade baixa, carga seca, caçambas e siders.
Já a idade média da frota de caminhões pertencente aos autônomos gira em torno de 14 anos. Além disso, 81% dos veículos já estão quitados e apenas 19% seguem financiados.
O levantamento revelou ainda que 51,4% dos caminhões possuem rastreador e 48,6% não contam com o equipamento de monitoramento. Já 73,2% contam com seguro e apenas 26,8% não são cobertos.
Dia a dia da profissão
A pesquisa encomenda pela Confederação também conseguiu identificar os principais desafios enfrentados pelos profissionais no dia a dia, bem como a percepção da categoria com relação a segurança e as condições das rodovias brasileiras.
Para 34% dos participantes, a infraestrutura das rodovias hoje é o principal desafio da profissão, seguido da segurança para outros 33,2% dos entrevistados. Já 28,9% dos caminhoneiros ouvidos afirmaram que a remuneração é o principal desafio atualmente, enquanto para 3,9% a saúde é o maior desafio.
Questionados sobre o sentimento de segurança nas rodovias, 59,7% dos caminhoneiros autônomos afirmaram que nunca se sentem seguros nas estradas brasileiras, 25,6% disseram que as vezes se sentem seguros, enquanto 11,4% raramente e apenas 3,3% sempre.
Os caminhoneiros autônomos ouvidos também deram sugestões para aprimorar a segurança rodoviária brasileira. Para 40,9% dos entrevistados é necessário investir em mais manutenção das rodovias. Já 32,1% dos caminhoneiros afirmaram que é necessário priorizar a fiscalização, enquanto 18,3% defenderam a maior presença de policiais e 8,7% mais equipamentos.
A pesquisa também pediu para os profissionais classificarem a qualidade das rodovias brasileiras. Para 76% dos caminhoneiros autônomos, nossas rodovias são ruins ou péssimas, 21% consideram como regulares e apenas 3% afirmaram que são boas.
Saúde
Por fim, a mais recente pesquisa da CNTA também questionou os caminhoneiros autônomos brasileiros sobre os cuidados com a saúde. 39% dos participantes afirmaram que fazem um check up da saúde pelo menos uma vez por ano, 26% disseram que nunca fazem, 18,9% uma vez a cada dois e anos e 15,6% uma vez a cada três anos.
Já na frequência de idas ao dentista o cenário é diferente. 29,5% dos caminhoneiros vão ao profissional uma vez ao ano, 28,2% vão uma vez a cada 3 anos, 27,1% nunca procuram um dentista e 15,2% uma vez a cada dois anos.
O consumo de cigarros também segue fazendo parte do dia a dia de uma parcela da categoria. Enquanto 76,4% se declararam não fumantes, outros 23,6% confirmaram o consumo de cigarros.
A pesquisa também revelou que 76,4% dos caminhoneiros autônomos brasileiros não possuem seguro de vida, enquanto 23,6% contam com a cobertura.
Metodologia
Encomendada pela CNTA, a pesquisa foi realizada pela AGP Pesquisas entre os dias 4 e 18 de abril de 2022. No período, 1.000 caminhoneiros autônomos foram entrevistados presencialmente em 5 pontos do Brasil, sendo 200 entrevistas em cada ponto: Porto de Santos (SP), Contagem (MG), Porto de Paranaguá (PR), Feira de Santana (BA) e São Paulo Capital (SP). O questionário contou ao todo com 25 perguntas.
Confira na íntegra a Pesquisa da CNTA: CLIQUE AQUI