Zorzin Logística/Divulgação
Mulheres do segmento falam sobre a importância do trabalho das transportadoras junto às entidades de classe para a inclusão feminina no setor
A necessidade de inclusão no transporte rodoviário de cargas, principalmente de mulheres, sempre foi tema extremamente debatido dentro das transportadoras e das entidades voltadas ao setor. Dados de 2021 do Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC) mostram crescimento de 61% no número de mulheres contratadas, reflexo das práticas de ESG (sigla para governança ambiental, social e corporativa), porém a maioria ainda se concentra em áreas administrativas.
A cada nova pesquisa realizada com relação ao balanço do número de mulheres dentro das transportadoras, uma conquista é celebrada por elas, tendo em vista que esse aumento ainda é muito gradativo e que cada novo passo é essencial para o alcance igualitário de vagas.
De acordo com o último levantamento feito pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), até o final de 2022, somente 3,4% dos motoristas habilitados para dirigir veículos pesados, como caminhões, ônibus e carretas, eram mulheres. Ao pensarmos em transportadoras que realizam operações de produtos perigosos, como gases ou líquidos inflamáveis, esse número pode ser ainda mais baixo pela especificidade do transporte.
Gislaine Zorzin, diretora administrativa e de novos negócios da Zorzin Logística, empresa que realiza transporte de carga química, comenta os requisitos e desafios contidos nesse tipo de segmento: “O maior desafio do transporte de produtos perigosos sempre será a segurança. Também é necessária uma equipe bem treinada e capacitada, além de um bom gerenciamento de risco, seguindo uma operação organizada”, comenta.
Com isso, os maiores desafios no transporte de produtos perigosos são informar, capacitar, treinar e reciclar os profissionais envolvidos no setor. Não apenas o condutor faz parte deste processo, mas também aqueles que preparam a documentação, que fazem o checklist, que programam e que executam as manutenções preventivas e corretivas, que aplicam os treinamentos, dentre outros.
Maria dos Anjos é assessora técnica da Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP), entidade de classe criada para defender os interesses dos transportadores e operadores logísticos. Segundo ela, “a capacitação é um assunto para todos, indiferente do gênero. No segmento de produtos perigosos a qualificação é fundamental. O profissional ou a profissional precisa entender bem a diferença entre perigo e risco para evitar se envolver em acidentes”.
A lista de requisitos legais para o segmento é extensa e nem sempre simples de compreender, e quase diariamente há uma nova regra a ser conhecida, entendida e atendida, e isso precisa alcançar todos os envolvidos no transporte.
Apesar da particularidade, a inclusão de mulheres nesse setor deve ser vista como um todo, e não só para as operações que envolvam os produtos perigosos, como explica Gislaine: “Em todo tipo de transporte a mulher pode ser inserida, e isso não é diferente no transporte de produtos perigosos. Essa inclusão é tão importante quanto em qualquer outra”.
“A integração das mulheres é algo que deve ser levado muito a sério. A humanidade demorou muito para entender que a mulher pode trabalhar em qualquer área, e o setor de transporte só tem a ganhar com elas”, afirma a assessora técnica.
Atualmente, para incentivar empresas a incluírem mulheres em seus quadros de funcionários, foi criado o Projeto de Lei 2.493/22, que propõe uma reserva de 5% às mulheres em vagas de trabalho como motorista profissional.
Dessa forma, o trabalho junto às entidades de classe e associações voltadas ao transporte rodoviário de cargas é peça fundamental para a conscientização e cobrança junto aos órgãos responsáveis nas reivindicações que mais afligem o setor, sendo um deles a inclusão de mulheres e, principalmente, de motoristas.
Gislaine, que também faz parte do projeto 25 da ABTLP, valida a importância de empresários e transportadoras serem engajados com essas associações: “A nossa atuação junto às entidades de classe envolvidas no transporte rodoviário de cargas mostra a nossa preocupação e a importância de participarmos ativamente de assuntos que trazem inúmeros benefícios ao nosso setor, pois assim podemos continuar fazendo a diferença”.
Ainda não há nenhuma capacitação diferenciada para que as mulheres atuem no transporte rodoviário de produtos perigosos, seja como condutora ou em outra área do setor. Os requisitos, previstos na legislação de trânsito, não especificam o gênero, justamente porque não há diferença.
“Com relação às empresas, precisam apenas dar a oportunidade para que as mulheres possam ingressar nesse mercado de trabalho. As transportadoras que já deram essa chance estão todas muito satisfeitas”, finaliza Maria.
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