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Envelhecimento de mão de obra, mudança no perfil dos habilitados e desinteresse dos mais jovens estão entre as principais causas da falta de caminhoneiros no Brasil
A crescente falta de motoristas de caminhões não é mais uma realidade exclusiva do transporte rodoviário de cargas na Europa e nos Estados Unidos. Nos últimos anos, o setor brasileiro também vem enfrentando este desafio. Prova disso é o estudo divulgado pelo Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), com foco nas transformações ocorridas no perfil dos profissionais ao longo dos anos.
Dividido em três etapas, o estudo revela um envelhecimento da mão de obra e aponta para a necessidade de ações para garantir a sustentabilidade do setor. Entre os principais pontos de atenção encontrados na pesquisa estão o envelhecimento da mão de obra, a mudança no perfil dos habilitados e o desafio para estimular a nova geração na profissão.
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A idade média dos motoristas contratados aumentou significativamente nos últimos anos, passando de 37 para mais de 40 anos. Também houve uma redução no número de jovens habilitados e um aumento na faixa etária de 51 a 60 anos. Raquel Serini, economista do IPTC, afirma que “essa mudança pode refletir vários fatores, incluindo o envelhecimento geral da população, mudanças nas qualificações exigidas para novos empregos e possíveis barreiras à entrada de jovens no mercado de trabalho.”
A pesquisa mostrou também que a falta de interesse dos jovens pela profissão aliada às exigências cada vez maiores do mercado dificultam a renovação da mão de obra. “Anteriormente, observava-se uma maior representação de jovens nas faixas etárias de 18 a 30 anos, com uma tendência de crescimento progressivo à medida que a faixa etária aumentava até os 50 anos”, afirma Serini.
No entanto, segundo o estudo, em 2023, essa dinâmica mudou consideravelmente pela diminuição na quantidade de habilitados nas faixas mais jovens e um aumento significativo na faixa etária de 51 a 60 anos.
Soluções
Para o IPTC para enfrentar a crescente escassez de mão de obra é necessário que algumas medidas sejam tomadas, como a capacitação e desenvolvimento, investimentos em programas de treinamento e qualificação para os profissionais em atividade e para novos profissionais no mercado. “A maior arma contra esse desafio é a capacitação e a oportunidade. Muitas empresas estão investindo em programas de treinamento, apadrinhando e subsidiando a troca da categoria da habilitação para oferecer oportunidades à equipe”, destaca Raquel.
De acordo com informações da American Trucking Associations (ATA), a falta de motoristas é monitorada há 15 anos nos Estados Unidos, onde chegaram a faltar 60 mil profissionais em 2018. A estimativa é que em 2028 faltem 160 mil motoristas. Já na Europa relataram faltar cerca de 127 mil motoristas em 2019, principalmente em países como Inglaterra, Alemanha e Espanha.
“As empresas do setor precisam se adaptar a essa nova realidade e investir em soluções inovadoras para atrair e reter talentos. Além disso, é fundamental que o poder público crie políticas públicas que incentivem a formação de novos motoristas e a modernização do setor", finaliza Raquel.