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Somente nos últimos cinco anos, R$ 2,5 bilhões foram pagos pelas seguradoras por conta da atuação dos criminosos; Estado de São Paulo lidera o número de ocorrências e indenizações
O roubo de cargas nas estradas brasileiras segue desafiando o transporte rodoviário de cargas e impactando diretamente a economia nacional. Na tentativa de mitigar os impactos gerados pelas ações criminosas, transportadoras e caminhoneiros autônomos têm investido cada vez mais na contratação do Seguro de Responsabilidade Civil de Desvio de Carga.
De acordo com o mais recente levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), em 2024, os pagamentos de indenizações avançaram cresceram 11%, totalizando R$ 528,9 milhões, segundo maior índice em cinco anos. 2022 foi o período com maior número de desembolsos, somando R$ 629,2 milhões. Em meia década, R$ 2,5 bilhões foram pagos pelas seguradoras por conta da atuação dos criminosos. Em paralelo, a procura pelo produto cresceu 27,1%, somando um faturamento de R$ 1,4 bilhão.
O levantamento também revela os estados que mais se destacam no pagamento de indenizações: São Paulo é o primeiro com R$ 279,9 milhões (+2%), seguido por Minas Gerais com R$ 59,2 milhões (+62,2%) e Rio Grande do Sul com R$ 28,9 milhões (+24,4%). Na arrecadação, o estado paulistano também lidera o ranking nacional, com R$ 683,4 milhões (+30,8%), seguido por Minas Gerais, R$ 116,3 (+41,8%) e Paraná R$ 102,4 (+6,1%).
Já segundo o relatório Análise de Roubo de Cargas, da nstech, São Paulo é o estado que somou o maior índice de roubo de cargas no período, com 45,8% das ocorrências, ficando à frente do Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 25% e 12,1%, respectivamente. Os três estados colocaram a Região Sudeste com a maior taxa desse tipo de crime, acima de 80% do total nacional de prejuízos.
Não é coincidência o fato de a região que abriga algumas das principais empresas, armazéns e maiores portos do país, também ser um dos alvos preferenciais para quadrilhas de roubo de carga. Para o diretor-executivo do Sindicato das Seguradoras de São Paulo (Sindseg SP), Fernando Simões, o roubo de cargas no estado é um desafio que afeta toda a cadeia logística.“Além das providências da administração pública para aumentar a segurança, transportadores e seguradoras devem trabalhar juntos na prevenção e mitigação dos riscos. A colaboração é fundamental para enfrentar esse problema de forma eficaz", explicou.
Na análise por regiões, o Sudeste também detém a maior participação na arrecadação deste seguro, com R$ 869 milhões, e na indenização, com R$ 363,8 milhões, somando respectivamente 68,8% e 62,1% de participação no total comercializado no país.
Marcos Siqueira, presidente da comissão de Seguro Transporte da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), lembra que o prejuízo causado pelas operações criminosas tem sido bastante atenuado devido ao aumento da cobertura securitária nas empresas que transportam cargas. “O impacto dessa atividade criminosa é sentido diretamente no mercado de seguros, que tem respondido com agilidade para oferecer soluções adequadas às transportadoras. Mas é essencial que os setores público e privado trabalhem juntos para reforçar a segurança nas estradas e combater esse crime de maneira eficaz, garantindo a continuidade das operações logísticas e o crescimento econômico", diz.
O Seguro Desvio de Carga é responsável pela indenização no caso de desaparecimento total da carga, roubo durante o trânsito ou nos depósitos e armazéns (desde que a carga esteja carregada no veículo transportador), ou roubo praticado durante viagem fluvial complementar à viagem rodoviária, exclusivamente na região Amazônica. Ele é voltado para o transportador rodoviário de carga, ou seja, para a empresa responsável por realizar a movimentação da carga relacionada no Registro Nacional dos Transportadores Rodoviários de Carga (RNTRC) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).